Na última quinta-feira (4), dois fortes tremores secundários voltaram a atingir o Afeganistão com apenas 12 horas de diferença. Os abalos ocorrem após uma sequência de terremotos que deixaram 2.205 mortos e mais de 3.640 feridos, segundo estimativas do governo do Talibã.
Enquanto sobreviventes lutam por necessidades básicas, como alimentos, abrigo e suprimentos médicos, a ONU e a OMS alertam para uma crise humanitária grave. Mas, por que os terremotos no Afeganistão são tão frequentes e intensos?
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O Afeganistão fica sobre o ponto de encontro de três grandes placas tectônicas: a Indiana, a Eurasiática e a Arábica. Esse cenário gera uma pressão imensa sob o solo, frequentemente liberada em forma de terremotos.
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Em entrevista ao Canaltech, o geofísico Marcos Ferreira, pesquisador em geociências do Serviço Geológico do Brasil (SGB), instituição integrante da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), destaca:
No Afeganistão, há um contexto tectônico extremamente complexo porque há interação entre três placas tectônicas grandes: Eurásia, Indiana e Árabica, que estão em choque, em movimento e geram quantidade de energia que provoca grandes terremotos.
Essa energia acumulada explica a alta frequência de abalos, especialmente na região montanhosa do Hindu Kush, uma das áreas mais instáveis do planeta.
Profundidade dos tremores aumenta os impactos
Prayers for Afghanistan after a major earthquake hits Kunar. pic.twitter.com/cbdteIJBHZ
— Mansoor Ahmed Qureshi (@MansurQr) September 1, 2025
अफगानिस्तान के पूर्वी हिस्से कोनर में आए भीषण भूकंप से 600 लोगों की मौत हो गई है और 1,500 लोग घायल हुए हैं।
हर पल मरने वालों की संख्या बढ़ती जा रही है।
#Afghanistan #earthquake pic.twitter.com/KZuIcoSIwa— Naval Kant Sinha | नवल कान्त सिन्हा (@navalkant) September 1, 2025
Outro fator importante é a profundidade em que os terremotos ocorrem. Tremores superficiais, ou seja, aqueles com hipocentro a menos de 15 km da superfície, tendem a ser muito mais destrutivos.
Nos últimos anos, eventos no Afeganistão ocorreram a profundidades de apenas 8 a 14 km, o que aumenta a intensidade dos danos sentidos pela população. Quando a energia sísmica chega com tanta força à superfície, vilas inteiras podem ser destruídas em poucos segundos.
Infraestrutura no Afeganistão
Apesar de sua localização ser o fator natural determinante, a dimensão das tragédias está diretamente relacionada às condições sociais e estruturais do país. A maioria das casas no Afeganistão é construída com barro, pedra ou concreto de baixa qualidade, sem padrões de engenharia capazes de resistir a abalos sísmicos.
Como explica Marcos Ferreira:
A questão da destruição está mais relacionada à infraestrutura. É uma região onde já há eventos de grande porte, no entanto com infraestrutura bastante debilitada pela própria situação do Afeganistão.
Em países como Chile ou Japão, que também enfrentam terremotos constantes, os impactos são menores porque os edifícios são preparados para resistir.
“Um terremoto no Afeganistão de magnitude 6.5 pode ser muito mais destrutivo do que um evento de magnitude 6.5 no Chile ou no Japão, onde já há infraestrutura mais preparada para isso”, ressalta Ferreira.
Enquanto países preparados conseguem mitigar os impactos de eventos semelhantes, o Afeganistão permanece extremamente vulnerável aos terremotos.
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VÍDEO | ALERTA DE TERREMOTO
Leia a matéria no Canaltech.