Entregas por drone aceleram no Brasil com aval da ANAC e boom global

Tecnologia

As entregas por drone já não são mais parte de um episódio de Futurama. O setor está em grande expansão no Brasil e no mundo, impulsionado por mudanças regulatórias e pela adoção da tecnologia por grandes varejistas.

Em terras brasileiras, o avanço é marcado pela retomada das operações do iFood em Sergipe, com autorização inédita da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para voos comerciais sobre áreas com circulação de pessoas.

E, o mercado mundial de entregas por drone, que movimentou US$ 553,5 milhões em 2020, deve movimentar US$ 18,6 bilhões até 2028, de acordo com a Emergen Research. Ou seja, não é loucura dizer que, em breve, um drone vai deixar as entregas da Black Friday na porta da sua casa. 


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Este enorme salto reflete um momento de inflexão na logística global: os drones cada vez mais integrados na estratégia de grandes empresas e transformando a operação de entregas em diversos continentes. 

Mercado global ganha altitude

Nos Estados Unidos, onde anteriormente os testes com drones sofriam com barreiras regulatórias, gigantes do varejo como Amazon e Walmart expandem seus programas de entregas aéreas.

Em agosto deste ano, a rede Chipotle passou a utilizar drones da Zipline para entregas no Texas. Já a GoTo Foods se uniu à DoorDash e à Wing para atender outras cidades do estado texano. 

A Zipline possui também projetos de entregas médicas em países africanos e participa ativamente da adoção crescente da tecnologia por redes de fast food. 

Mas, o crescimento das operações não se deve apenas por questões de tecnologia. Em junho, o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva que deu mais margem para operações com drones. 

A medida autorizou o Departamento de Transporte e a Administração Federal de Aviação a regulamentar e supervisionar voos comerciais com drones, permitindo que empresas realizassem entregas em áreas urbanas com mais segurança e menor custo.

Desde então, companhias como DoorDash, Chipotle e Wings têm acelerado seus programas em mercados suburbanos, onde o potencial logístico é mais favorável.

O diretor de tecnologia da Chipotle, Curt Garner, afirmou ao Business Insider que um único restaurante com suporte de drones pode cobrir o mesmo raio de entregas que normalmente exigiria toda uma frota de entregadores.

Ou seja, o ganho logístico vem acompanhado de benefícios ambientais, como a redução da emissão de CO₂ e menor tráfego urbano, além da possibilidade de entregas em regiões de difícil acesso.

E no Brasil?

Em meio à expansão deste setor, o Brasil se destaca na América Latina. Neste mês de outubro, o iFood anunciou a retomada da operação de entregas por drones em Aracaju (SE), em parceria com a Speedbird Aero, que foi a primeira empresa a receber autorização da ANAC para entregas do tipo.

A rota feita na capital sergipana parte do Shopping RioMar, cruza o rio Sergipe e chega à cidade vizinha de Barra dos Coqueiros. O trajeto levaria cerca de uma hora por terra, mas, com drones, leva menos de 30 minutos. 

drone do ifood
Drone da Speedbird Aero para entregas do iFood em Sergipe (Imagem: Divulgação/iFood)

O serviço funciona sete dias por semana, dez horas por dia, e tem capacidade para até 5 kg de carga e 280 pedidos diários. 

O diretor de Logística do iFood, Rodolfo Klautau, contou que “o drone entra [na operação] para resolver trechos que não fariam sentido para o entregador, que continua sendo alocado em rotas mais produtivas”.

Segundo o executivo falou ao Canaltech, o principal desafio do setor ainda é o amadurecimento regulatório, essencial para garantir segurança e viabilidade econômica.

“O Brasil depende do avanço do ambiente regulatório, que ainda exige amadurecimento e alinhamento para acompanhar a evolução tecnológica, garantindo a segurança das operações. Temos um país de dimensões continentais, com cidades próximas a rios, lagos e áreas costeiras, o que favorece o modelo logístico dos drones”, diz Klautau.

Atualmente, apenas a Speedbird Aero possui modelos de drones aprovados pela ANAC para operações, com cada processo de certificação levando entre 12 e 24 meses.

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