Era pré-Spotify: como era ouvir música com Walkman e Discman

Tecnologia

Se hoje basta abrir o Spotify para ouvir qualquer música a qualquer momento, há algumas décadas, o ritual para ter sua trilha sonora pessoal era bem diferente.

Antes dos serviços de streaming e das playlists infinitas, o que reinava eram os Walkmans e os Discman — aparelhos que mudaram para sempre a relação que as pessoas têm com a música.

Lançado em 1979, o Walkman da Sony foi o primeiro tocador de música que cabia no bolso. Ele rodava fitas cassete e funcionava a pilha, o que dava a liberdade de ouvir canções em qualquer lugar.


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Curiosamente, esses aparelhos também criavam preocupações que os ouvintes de hoje nunca conheceram: rebobinar a fita gastava energia, a pilha acabava quando menos se esperava e, para ter uma seleção personalizada, era preciso gravar uma “mixtape” com muito cuidado, música por música.

Design original do Walkman da Sony virou parte da moda urbana (Imagem: Divulgação/Sony)

Alguns anos depois, o Discman repetiu essa fórmula, mas com os então revolucionários CDs. Era uma evolução clara: qualidade digital superior, a possibilidade de pular faixas instantaneamente e, claro, o “charme da tecnologia a laser”.

Por outro lado, ele também tinha suas limitações. Os CDs eram mais frágeis que as fitas e bastava um solavanco para o som falhar.

Ouvir música era um ritual

Ouvir música com Walkman e Discman nunca foi apenas apertar o play. Era um ritual que começava na loja, com a escolha do álbum físico, a leitura do encarte e a expectativa até ouvir a primeira faixa.

As lojas tinham fones de ouvidos presos nas prateleiras, e você podia apertar um botão para ouvir um trecho.

Não havia botão para avançar dezenas de músicas — a sequência definida pelo artista fazia parte da experiência. Além disso, as fitas embolavam e os CDs arranhavam facilmente, e quem esquecia pilhas novas corria o risco de ficar em silêncio no meio do caminho.

Você tinha que ir a uma livraria ou loja de discos para ouvir uma amostra dos CDs antes de comprar (Imagem: Xennials/Reddit)

Esse jeito “analógico” criava uma relação mais próxima com a música. A limitação obrigava o ouvinte a ouvir o disco até o fim, descobrindo detalhes que poderiam passar despercebidos num consumo apressado.

Era uma escuta mais intencional e menos descartável — algo que o streaming, com toda a sua facilidade, diluiu um pouco.

Apesar das limitações, Walkman e Discman foram revolucionários. Eles democratizaram o consumo portátil e individualizaram a música, colocando-a como trilha sonora pessoal da ida para a escola, do trajeto para o trabalho ou da viagem no ônibus.

Por causa dessas invenções, o hábito de ouvir música “onde eu quiser” virou moda e moldou o consumo que temos hoje.

A moda do Walkman

Na época, usar um desses aparelhos também era uma forma de se expressar. Os fones visíveis e o aparelho pendurado no cinto faziam parte da estética urbana. 

Era quase como um acessório fashion que dizia algo sobre o estilo de quem o carregava. E esse simbolismo segue até agora, de outras formas.

A transição do Walkman e do Discman para o MP3 player e, depois, para os serviços digitais que conhecemos foi gradual. Mas foram esses dispositivos que abriram caminho para o que vivemos hoje.

Discman era a evolução do Walkman e trouxe algumas “mordomias” que temos até hoje, como pular músicas (Imagem: reprodução/Etsy)

Quando lembramos como era ouvir música antes do streaming, não falamos apenas da saudade de uma tecnologia antiga, mas da relação diferente que existia com cada faixa e cada álbum.

A nostalgia dessas épocas vai além da qualidade do som. Ela lembra que, antes da música ilimitada e instantânea, ouvir o que a gente gosta exigia mais dedicação — e isso fazia cada música ter um peso especial.

É uma boa lembrança para ter em mente quando, da próxima vez, dermos o play sem pensar duas vezes.

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