
Resumo
- O CEO do Instagram, Adam Mosseri, negou que a plataforma use microfones dos celulares para direcionar anúncios, citando limitações técnicas e indicadores visuais nos sistemas Android e iOS.
- A Meta usará dados de interações com a Meta AI para segmentar anúncios a partir de 16 de dezembro, exceto na Coreia do Sul, Reino Unido e União Europeia.
- As interações com a Meta AI sobre temas sensíveis não serão usadas na publicidade, e não haverá opção para recusar o uso de conversas na segmentação de anúncios.
Adam Mosseri, CEO do Instagram, publicou um vídeo negando os boatos de que a rede social usa os microfones dos celulares para captar informações e direcionar anúncios. Ele considera que isso seria uma violação grosseira de privacidade.
Coincidentemente, a Meta anunciou também nesta quarta-feira (01/10) que passará a usar dados de conversas com a Meta AI para segmentar anúncios em suas redes. Não haverá opção para desativar essa coleta de informações.
CEO nega que Instagram escute o que os usuários dizem
Como os dois assuntos são separados, vamos primeiro à fala de Mosseri. O executivo negou que o Instagram use o microfone do celular para escutar o que os usuários dizem e, depois, direcionar propagandas com base no conteúdo das conversas.
Primeiro, ele explica que há indícios técnicos de que isso não ocorre: a bateria do aparelho acabaria muito rápido caso o microfone ficasse funcionando constantemente.
Além disso, há alguns anos, Android e iOS passaram a exibir um pequeno ponto quando o celular está captando áudio. Se o Instagram estivesse ouvindo o que é dito, esse sinal luminoso apareceria.
Então, por que vemos anúncios sobre o que conversamos pessoalmente com outras pessoas?
Mosseri dá algumas explicações possíveis:
- Você procurou aquele produto em um site antes da conversa e a página compartilhou essa informação com a Meta.
- Seus amigos ou pessoas com os mesmos interesses que você estão procurando aquele produto. Como é um assunto que está em alta entre pessoas parecidas com você, é bem possível que seja um tema de conversas, antes mesmo de buscar por aquele produto.
- Você viu um anúncio anteriormente e não deu atenção, mas internalizou aquela informação e mencionou o produto durante uma conversa casual. Agora, está vendo a mesma propaganda.
Não é a primeira vez que a Meta rebate essas acusações — desde 2016, pelo menos, a empresa nega que os microfones dos celulares são usados para captar conversas. A explicação também é antiga: as big techs têm tantos dados sobre nós que seria simplesmente desnecessário recolher e processar gravações de voz.
Conversas com IA serão usadas em anúncios
Dito tudo isso sobre a suspeita de que a Meta capta informações usando microfones de celulares, vamos ao que realmente está confirmado: as interações com a Meta AI serão usadas para segmentar e exibir anúncios. A empresa atualizará sua política de privacidade e, a partir de 16 de dezembro, permitirá que as conversas com o assistente façam parte das informações consideradas na hora de mostrar propagandas.

As regras vão valer no mundo todo, menos na Coreia do Sul, no Reino Unido e na União Europeia, devido a leis que vedam esse tipo de coleta de dados. Os usuários serão notificados nos próximos dias sobre a mudança.
Não haverá opção para recusar o uso das conversas na publicidade. A Meta promete que interações com a inteligência artificial sobre assuntos sensíveis não serão captadas — isso inclui religião, orientação sexual, visões políticas, saúde, origem étnica ou racial, crenças filosóficas e participação em sindicatos.
Apesar dessa coleta de dados, a companhia não tem planos imediatos para colocar anúncios diretamente na Meta AI.
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