Google escapa de vender o Chrome, mas deve compartilhar dados com concorrentes

Tecnologia

O Google evitou uma das punições mais severas que poderia enfrentar em seu julgamento por antitruste. O juiz Amit Mehta decidiu nesta terça-feira (2) que a empresa não terá que vender o Chrome, porém, terá de implementar mudanças significativas em suas práticas comerciais, como compartilhar dados com concorrentes.

A decisão de Mehta encerra uma novela que se estende desde 2020 após o Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusar o Google de práticas anticompetitivas para manter a soberania no mercado de buscas online.

O caso trazia luz especificamente na posição privilegiada do Google com mecanismo padrão tanto em seus próprios produtos, como Android e Chrome, quanto em de terceiros, como os da Apple


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O Chrome é o navegador mais utilizado no mundo, com cerca de 3,54 bilhões de usuários, mordendo uma fatia de aproximadamente 65% do mercado. Durante o julgamento, empresas como Perplexity e OpenAI demonstraram interesse em comprar o software.

Nem tudo são flores

Apesar de manter a posse do Chrome, o Google terá de dar fim nos contratos de exclusividade que garantiam o seu mecanismo de busca como o padrão em diversos dispositivos e plataformas.

A empresa está proibida de firmar acordos exclusivos para o Google Search, Chrome, Google Assistant ou para o Gemini. Ou seja, agora os fabricantes de smartphones podem pré-instalar ou realizar acordos com outros mecanismos de busca, navegadores ou assistentes de inteligência artificial (IA).

O fim dos contratos exclusivos trazem impacto financeiro grande para o Google, já que, durante o julgamento, foi revelado que a companhia gastou mais de US$ 26 bilhões em 2021 para firmar acordos com Apple, Mozilla e mais outras empresas.

Além disso, o Google também será obrigado a compartilhar dados relacionados ao seu sistema de busca com concorrentes, incluindo informações sobre o histórico de pesquisas e métricas, algo que antes era exclusivo da companhia. 

Mas, o juíz afirmou que o Google não precisa compartilhar todos os dados solicitados pela concorrência, e reconheceu que mesmo tendo acesso às informações “imitar a busca do Google não seria uma tarefa fácil”. 

Reação do mercado

O mercado financeiro sorriu para a Alphabet, empresa dona do Google, após a decisão de Amir Mehta. As ações da companhia subiram mais de 6,5% no pré-mercado desde o anúncio que manterá o Chrome.

Analistas esperavam que o Google sofreria punições mais severas, como a venda do próprio Chrome ou do sistema operacional Android. 

O que o Google diz?

Em comunicado oficial, o Google classificou a decisão como uma vitória, e argumentou que, provavelmente, o surgimento da IA contribuiu para o resultado.

“A decisão de hoje (2 de setembro) reconhece o quanto a indústria mudou com o advento da IA, que está dando às pessoas muitas maneiras de encontrar informação. Isso reforça o que estamos dizendo desde que este caso foi aberto em 2020: a competição é intensa e as pessoas podem facilmente escolher os serviços que querem”, afirmou o Google em nota. 

Depois dessa primeira “vitória”, o Google ainda enfrenta mais desafios na corte. Ainda em setembro, a empresa deve ir a outro julgamento, sobre o monopólio em tecnologia de publicidade online.

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