Lembra daquela música que te faz lembrar de uma história incrível que você leu, principalmente por conta da ambientação sonora e até das letras que se confundiam com seu sentimento ou o enredo? Pois é, as canções têm esse poder incrível que marcar memórias afetivas de uma forma como nenhuma linguagem consegue tão intensamente. E aqui está uma maneira de fazer isso com leituras imprescindíveis da Nona Arte.
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Sou um pesquisador e entusiasta da combinação dos quadrinhos com música há bastante, desde a época da faculdade e de minhas próprias histórias, que sempre tiveram essa conexão.
E aqui vai mais uma iniciativa para contribuir e também com vocês essa experiência.
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A experiência em questão é a leitura de novos (alguns mais antigos) dos quadrinhos com uma curadoria especial de canções que interagem de alguma forma com as publicações, seja com a atmosfera, as letras ou e até contextos de quem ou quando foram gravadas.
Então vamos nessa, já deixei a playlist pronta para você ouvir também enquanto estiver lendo esta matéria.
São sempre quatro tracks, com bônus quando possível, que acompanham os temas e até mesmo a progressão da história.
Sandman — Estação das Brumas
Embora Neil Gaiman tenha se revelado comportamentos criminosos, Sandman continua sendo uma obra-prima dos quadrinhos, e Estação das Brumas é um arco incrível, com algumas reviravoltas. A reunião familiar dos Perpétuos e a jornada de Morpheus até o Inferno que Lúcifer abandona traz uma combinação épica entre terror gótico, mistério, drama e uma pitada de romance sombrio em meio a uma colcha de retalhos de várias das mitologias mais populares do planeta.
Solitude, traz uma ambientação fúnebre, mântrica, que toca em sentimentos profundos. Já Lamb’s Wool e Neverender trazem a sensação de reflexão sobre uma caminhada que aos poucos se torna uma corrida em busca de perguntas que não têm respostas simples, encerrando com Dreaming, um clássico que se autoexplica.
- Black Sabbath – Solitude
- Foster The People (with Poolside) – Lamb’s Wool
- Justice feat. Tame Impala – Neverender
- Blondie – Dreaming
All-Star Superman
Toda vez que preciso recuperar a fé na humanidade, tenho sempre All-Star Superman para nos fazer suar pelos olhos ao ver um deus que ama tanto seu lar adotivo, que, mesmo sabendo que nunca será um de nós, respeita a vida mais do que tudo. Essa é a jornada definitiva do Homem de Aço, revisitando toda sua mitologia e construção de seu ícone eterno de esperança.
Smile Like You Mean It é a representação perfeita sobre como a maturidade nos cobra preços sobre escolhas da vida, embora todo fim represente um começo, como um assovio ensolarado de Young Folks. Somebody To Love nos lembra que o amor está em toda parte, assim como a palavra “hope” da canção do Pavement — bem, já devem ter notado que a última da lista vai de encontro com o que o que os protagonistas das publicações representam.
- The Killers – Smile Like You Mean It
- Peter Bjorn John – Young Folks
- Queen – Somebody To Love
- Pavement – Harness Your Hope
- *Bônus HQ track: Theme from Superman – John Williams
Vingadores — Infinito
Esta é a melhor história dos Vingadores que considero. É uma incrível ópera espacial que posiciona bem o papel de cada herói do famoso grupo, enquanto vemos um divertido faroeste espacial em que os humanos ensinam a galáxia que o importante não é ser destemido e perfeito; e sim ter coragem de enfrentar os medos e aprender com os erros.
Race For The Prize funciona como o lançamento de um foguete para o espaço, onde Atomic Garden resume a recepção alienígena em uma batalha que só desbravadores do espaço como um Rocket Man encaram. Bem, e Heroes… né.
- Flaming Lips – Race For The Prize
- Bad Religion – Atomic Garden
- Elton John – Rocket Man
- David Bowie – Heroes
Como Uma Luva de Veludo Moldada em Ferro
A obra criada por Daniel Clowes é sempre relacionada a Twin Peaks, de David Lynch, pela semelhança que a narrativa nos provoca com uma estrutura não-linear e cheia de códigos; embora a trama, assim como as do falecido diretor, tenham, sim, significados consistentes e compreensíveis dentro desses microuniversos surreais.
Karma Police é como se te preparasse para essa jornada lembrando do road movie Estrada Perdida, de Lynch, chegando a um universo quente, estranho e atraente de Knickerbocker. Em seguida, nos perguntamos mais vez se estamos nos tornando insanos, com Where’s My Mind, até repousarmos com o próprio tema melancólico e sentimental de Twin Peaks.
- Radiohead – Karma Police
- Fujita & Miyagi – Knickerbocker
- Pixies – Where’s My Mind
- Angelo Badalamenti – Twin Peaks Theme
Love and Rockets — Locas
O que importa são elas, então a diversidade de vozes, ainda mais no começo dos anos 1980 e vinda de latinos nos Estados Unidos, rompeu barreiras graças à narrativa e divertida, com traços aparentemente simples. A doideira sci-fi foi aos poucos se tornando uma carta amor às histórias reais vistas de uma maneira agridoce e cheia de emoção.
Listen Up! dá tom da voz feminina entrando em combustão com Deceptacon, o grito urgente de Locas e a banda The Mechanics, lideradas pelo casal Maggie e Hopey. E, depois PJ Harvey nos salvar de uma afogamento emocional inconsequente, Sprawll II confirma a intensidade dessas maravilhosas rebeldes que conquistaram o mundo com algo que em nossos corações e sai formigando pelos braços e bocas em forma de letras, notas de guitarra e canções.
- Gossip – Listen Up!
- Deceptacon – Le Tigre
- PJ Harvey – Down By The Water
- Sprawl II (Mountains Beyond)
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