Algum objeto misterioso fora da Via Láctea disparou uma explosão cósmica poderosa que foi registrada, mas passou despercebida pelos cientistas por anos. Isso mudou: com a ajuda de uma inteligência artificial, pesquisadores encontraram o fenômeno em meio a dados do telescópio espacial Chandra, da NASA.
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Em 2020, o Chandra estava observando os restos de uma estrela que explodiu na Pequena Nuvem de Magalhães, uma pequena galáxia vizinha da Via Láctea. Por sorte, o telescópio flagrou também uma emissão de raios X bem luminosa e breve, vinda de uma fonte emissora desconhecida. Em questão de segundos, o flash apareceu e sumiu.

A emissão não foi identificada cientistas durante as observações iniciais e acabou esquecida em meio aos dados arquivados do Chandra. “Você já folheou álbuns de fotos antigas e de repente encontrou algo fascinante escondido no fundo de uma foto que ninguém havia percebido antes? Agora imagine fazer isso em escala cósmica”, descreveu Steven Dillmann, o pesquisador principal do estudo que descreve a descoberta.
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Com a ajuda de um método de machine learning, os pesquisadores analisaram anos de dados arquivados e encontraram o fenômeno. O evento passou despercebido por métodos tradicionais, mas o novo modelo de machine learning revelou a emissão, que foi caracterizada como um “transiente rápido de raios X”.
Explosão cósmica misteriosa
A equipe chamou o fenômeno de XRT 200515, designação que descreve a data da sua descoberta. “Esta emissão cósmica é particularmente interessante por causa das suas características incomuns que são diferentes de qualquer outro FXT já encontrado pelo Chandra”, disse o autor.

Como nenhum outro telescópio espacial havia registrado o objeto antes ou depois do evento, sua origem ainda é desconhecida. Por enquanto, os pesquisadores suspeitam que a emissão tenha vindo de uma estrela de nêutrons que está capturando matéria da sua vizinha; quando há gás suficiente acumulado, ela sofre uma explosão termonuclear e produz raios X.
Também é possível que XRT 200515 tenha vindo de um magnetar distante, uma estrela de nêutrons ultramagnética capaz de emitir uma quantidade imensa de raios X. Se confirmada, esta vai ser a primeira observação de um magnetar emitindo raios X tão energéticos.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
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