Uma nova pesquisa publicada na revista científica Palaeonthology revelou que os dinossauros de pescoço longo, conhecidos como saurópodes, eram capazes de se sustentar sobre duas patas, ainda que com diferentes níveis de dificuldade dependendo da espécie. Para chegar a essa descoberta, a equipe da Unesp analisou fósseis de sete espécies diferentes, utilizando a técnica de análise por elementos finitos (FEA), muito usada em engenharia.
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Os saurópodes viveram entre 145 milhões e 66 milhões de anos atrás e incluem alguns dos maiores animais terrestres que já existiram, como o Dreadnoughtus, que podia chegar a 26 metros de comprimento e pesar até 60 toneladas. Já espécies menores, como o Neuquensaurus, mediam cerca de 6 metros e tinham um corpo mais leve e robusto.
Apesar de tão presentes na cultura pop (basta lembrar da icônica cena de Jurassic Park (1993), quando dois braquiossauros caminham calmamente pelo campo), os cientistas ainda possuem muitas dúvidas sobre como esses animais se movimentavam.
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“Para os dinos terópodes, como o T-Rex, existem aves atuais aparentadas, como a avestruz. Isso nos ajuda a entender sua locomoção. Mas os saurópodes não têm nenhum descendente vivo semelhante”, explica Julian C. G. Silva Júnior, pós-doutorando no Laboratório de Paleontologia e Evolução da Unesp.
Dinossauro de pescoço longo e postura bípede

A grande questão era: saurópodes conseguiam realmente se erguer sobre as patas traseiras? Para responder, Silva Júnior e sua equipe analisaram os fósseis. Os ossos do fêmur foram digitalizados e submetidos a simulações que testavam cenários de estresse e força, considerando tanto o peso dos animais quanto a ação da musculatura.
Os resultados mostraram que todas as espécies analisadas eram capazes de adotar a postura bípede, ainda que os menores apresentassem muito mais facilidade.
O comportamento de levantar-se está presente em todas as espécies de saurópodes. O que procuramos demonstrar é que algumas linhagens podem fazer isso com mais facilidade do que outras.
Por que se levantar em duas patas?
A pesquisa levanta hipóteses interessantes sobre a utilidade dessa postura. Uma delas está ligada à alimentação: durante o Cretáceo, a vegetação era dominada por araucárias que podiam ultrapassar 40 metros de altura. Nesse cenário, erguer-se ajudava os saurópodes a alcançar folhas inacessíveis para outros animais.
Além disso, a postura poderia ser usada em rituais de acasalamento ou como estratégia de defesa, ampliando a silhueta para intimidar predadores ou rivais. Montefeltro, coordenador do laboratório da Unesp, compara o comportamento ao de animais modernos: “Hoje vemos elefantes, por exemplo, se apoiando em duas patas para alcançar comida. É um paralelo interessante com os saurópodes menores.”
A pesquisa mostra que, apesar das dificuldades impostas pelo tamanho colossal, até os maiores dinossauros de pescoço longo tinham capacidade de se sustentar em duas patas quando necessário.
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