James Webb faz 1ª observação de cometa interestelar e resultado surpreende

Tecnologia

Uma equipe de astrônomos utilizou pela primeira vez o Telescópio Espacial James Webb para observar o 3I/ATLAS, o terceiro visitante interestelar já registrado. As observações foram feitas no dia 6 de agosto e revelaram resultados surpreendentes sobre os gases do cometa.

O instrumento usou sua visão infravermelha e o Espectrógrafo de Infravermelho Próximo (NIRSpec) para analisar o objeto, descoberto em 1º de julho. As observações mostraram que o cometa está sendo aquecido à medida que se aproxima do Sol, fazendo com que seus materiais sólidos se transformem em gases.

Esse processo, comum em outros cometas, provoca a liberação de gases, criando a cauda observável do cometa — cientificamente chamada de “coma”.


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3I/ATLAS libera mais dióxido de carbono

Os recursos do James Webb permitiram que os cientistas identificassem substâncias na coma do cometa, como dióxido de carbono, água, gelo de água, monóxido de carbono e sulfeto de carbonila.

E o que chamou atenção foi que a proporção de dióxido de carbono em relação à água é maior do que a observada em outros cometas.

A equipe liderada por Martin Andrew Cordiner, pesquisador do Goddard Space Flight Center, sugere que essa alta concentração de dióxido de carbono pode indicar que o 3I/ATLAS se formou em uma região conhecida como “linha de gelo de dióxido de carbono”, localizada no disco de gás e poeira que girava ao redor de sua estrela-mãe.

Nessa região, a temperatura cai o suficiente para que o dióxido de carbono passe do estado gasoso para o sólido.

Outra possibilidade é que o núcleo do cometa seja naturalmente rico em dióxido de carbono, o que indicaria que o 3I/ATLAS foi exposto a níveis de radiação mais elevados do que os cometas do Sistema Solar.

3I/Atlas
3I/Atlas aparenta liberar mais dióxido de carbono na coma do que outros cometas (ESA/La Cumbres Observatory)

Características do cometa interestelar

O 3I/ATLAS é o terceiro objeto interestelar registrado atravessando o Sistema Solar. O primeiro foi o enigmático 1I/ʻOumuamua, em 2017, seguido pelo cometa 2I/Borisov, descoberto em 2019.

Ele também é o maior desses corpos celestes, com estimativas preliminares indicando um diâmetro de cerca de 11 quilômetros, superando os 100 metros do 1I/ʻOumuamua e 1 quilômetro do 2I/Borisov.

O cometa também se destaca por conter grande quantidade de água congelada, possivelmente preservada em seu interior por cerca de 7 bilhões de anos, o que o tornaria mais antigo que o Sistema Solar, formado há aproximadamente 4,6 bilhões de anos.

Novas observações do 3I/ATLAS devem fornecer informações valiosas sobre a formação do Universo, oferecendo pistas sobre a origem de outros sistemas estelares e a possibilidade de vida em diferentes regiões da galáxia.

3I/Atlas
Análises preliminares apontam que 3I/Atlas pode ser mais antigo do que o Sistema Solar (Reprodução/NASA, ESA, David Jewitt)

Os resultados do estudo foram publicados na plataforma Zenodo para ser revisado por pares.

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