
Resumo
- A Kodak enfrenta risco de sobrevivência devido à falta de liquidez para cobrir US$ 500 milhões em dívidas.
- A empresa, fundada em 1892, dominou o setor fotográfico no século XX.
- A Kodak reestruturou-se em 2013, focando em impressão e tecnologias industriais. No Brasil, atua no segmento B2B, com foco em impressão comercial.
- A empresa à parte Kodak Alaris opera quiosques e scanners.
A ícone empresa de fotografia Eastman Kodak Company, com 133 anos de história, comunicou a investidores que existem dúvidas sobre sua capacidade de continuar operando. O alerta, emitido nesta semana em um relatório de resultados do segundo trimestre, vem da ausência de “liquidez disponível” para honrar cerca de US$ 500 milhões em dívidas (mais de R$ 2,7 bilhões, em conversão direta), colocando a empresa em uma posição financeira crítica.
A notícia provocou uma queda de mais de 25% nas ações da companhia (KODK) no pregão de terça-feira (12/08) na Bolsa de Valores de Nova York, um dia após a divulgação do documento. Em declaração à CNN, um porta-voz da Kodak expressou que a empresa tem capacidade de superar o obstáculo. “Estamos confiantes de que conseguiremos pagar uma parcela significativa do empréstimo a prazo bem antes do vencimento e alterar, estender ou refinanciar a dívida restante”.
Histórico de inovação e crise
A trajetória da Kodak começou oficialmente em 1892, mas suas raízes datam de 1879, quando o fundador George Eastman patenteou uma máquina para revestir chapas fotográficas. Uma grande virada aconteceu em 1888 com o lançamento da primeira câmera Kodak, acompanhada do slogan que democratizou a fotografia: “Você aperta o botão, nós fazemos o resto”.
A Kodak dominou o setor no século XX. Na década de 1970, era responsável por 90% das vendas de filmes e 85% das câmeras nos Estados Unidos, transformando sua marca em sinônimo de fotografia. O sucesso cultural foi tão expressivo que inspirou a canção “Kodachrome”, de Paul Simon, em 1973.

Curiosamente, a tecnologia que iniciou seu declínio foi criada dentro de seus próprios laboratórios. Em 1975, o engenheiro Steven Sasson inventou a primeira câmera digital. A gestão da empresa, no entanto, optou por não investir na novidade, temendo que ela canibalizasse seu negócio principal e altamente lucrativo – o de filmes e revelação.
A ascensão da fotografia digital nas décadas seguintes provou que a decisão foi fatal. Enquanto concorrentes abraçavam o novo formato, a Kodak perdeu relevância, entrando com pedido de recuperação judicial em 2012. Na época, a empresa acumulava dívidas de US$ 6,75 bilhões (R$ 36,6 bilhões).
A empresa saiu da falência em 2013. Ela se reestruturou, abandonou o mercado de câmeras de consumo e focou em impressão comercial, embalagens e tecnologias para a indústria cinematográfica. Em 2020, a empresa chegou a receber autorização para um empréstimo governamental de US$ 765 milhões (R$ 4,1 bilhões) para se transformar em uma produtora de ingredientes farmacêuticos, iniciativa que fez suas ações dispararem antes de o acordo ser suspenso em meio a investigações.
Como a Kodak opera no Brasil hoje?

No Brasil, os negócios da Kodak também mudaram, refletindo sua estratégia global. Apesar de trazer novas câmeras ao varejo nacional no ano passado, as operações da Eastman Kodak no país estão concentradas no segmento B2B (business-to-business), fornecendo tecnologias e insumos para outras indústrias. O foco principal é o mercado de impressão comercial e editorial.
É importante notar que parte do negócio que muitos consumidores ainda associam à marca, como quiosques de impressão de fotos e scanners de documentos, é operada no Brasil e no mundo pela Kodak Alaris. Esta é uma empresa separada, formada em 2013 a partir da venda de divisões de negócios da Eastman Kodak durante a recuperação judicial.
Com informações da CNN.