Na última quinta-feira (4), a revista científica Cell publicou um estudo que acendeu um alerta: células-tronco humanas envelhecem mais rápido em órbita e perdem parte de sua função regenerativa. A pesquisa foi conduzida pela Universidade da Califórnia em San Diego (UC San Diego) e utilizou missões de reabastecimento da SpaceX para enviar células humanas à Estação Espacial Internacional (ISS). Segundo comunicado da UC San Diego, o espaço é “o teste de estresse definitivo para o corpo humano”.
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As células-tronco responsáveis pela renovação do sangue e pela defesa imunológica, foram cultivadas em um sistema chamado nanobioreator, capaz de monitorar células em tempo real por meio de inteligência artificial. Os resultados mostraram que, no ambiente espacial, as células se tornaram mais ativas do que o normal, consumindo rapidamente sua energia e perdendo a capacidade de descansar e se recuperar.
Também foi observado aumento de danos no DNA e encurtamento dos telômeros, sinais típicos de envelhecimento precoce. Houve indícios de estresse mitocondrial, inflamação e ativação de regiões ocultas do genoma associadas ao envelhecimento e a doenças como câncer. Essas alterações indicam que missões espaciais de longa duração, como uma futura viagem a Marte, podem comprometer seriamente a saúde dos astronautas.
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Riscos para astronautas
A pesquisa reforça descobertas anteriores, que revelaram que longas estadias no espaço alteram a expressão genética, o comprimento dos telômeros e a microbiota intestinal. Agora, com foco direto nas células-tronco, os cientistas mostram que a reserva celular que sustenta o sistema imunológico pode se esgotar em poucas semanas no espaço.

Isso aumenta a vulnerabilidade a infecções, acelera o envelhecimento e aumenta o risco de doenças graves. “Essas descobertas são criticamente importantes porque mostram que fatores do espaço, como a microgravidade e a radiação cósmica galáctica, podem acelerar o envelhecimento molecular das células-tronco sanguíneas”, afirma Catriona Jamieson, professora da UC San Diego, em comunicado.
Existe chance de reverter os danos?
Apesar do cenário negativo, o estudo revela que parte do dano celular começou a se reverter quando as células espaciais foram reinseridas em um ambiente jovem e saudável na Terra. Isso sugere que intervenções futuras podem ajudar a rejuvenescer células envelhecidas.
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