Magnificent Ambersons | IA pode restaurar filme cheio de cortes de Orson Welles

Tecnologia

O cinema guarda segredos e histórias fascinantes. Um dos maiores mistérios da sétima arte é o que aconteceu com os 43 minutos perdidos de The Magnificent Ambersons, clássico de Orson Welles lançado em 1942. Agora, mais de 80 anos depois, a inteligência artificial surge como uma possível resposta para recriar a visão original do diretor. A plataforma Showrunner, apoiada pela Amazon e liderada por Edward Saatchi, anunciou um projeto de recriar digitalmente os 43 minutos perdidos do longa.

Welles adaptou o romance de Booth Tarkington em um drama sobre a decadência de uma família tradicional no início do século XX. O filme originalmente tinha cerca de 131 minutos. No entanto, após sessões-teste negativas, o estúdio RKO decidiu cortar boa parte da narrativa e refilmar o final, reduzindo-o para 88 minutos.

O problema é que os negativos com o material original foram destruídos. Isso fez nascer uma verdadeira “lenda do cinema”: como seria o filme na versão pensada por Welles? Alguns acreditam que poderia superar até mesmo Cidadão Kane.


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Showrunner e a missão da IA

A ideia não é lançar comercialmente essa versão, já que os direitos pertencem à Warner Bros. Discovery e à Concord, mas realizar uma reconstrução acadêmica e experimental.

IA pode restaurar filme cheio de cortes de Orson Welles (Imagem: Showrunner/Warner Bros)

O projeto combina técnicas de cinema tradicional e ferramentas de IA. Isso inclui o uso de atores reais em novas filmagens, aliado a transferência de rostos e poses com inteligência artificial, além da recriação digital dos cenários a partir de fotografias e registros de produção da época.

A iniciativa conta com o cineasta Brian Rose, que há anos pesquisa e tenta reconstituir os enquadramentos originais de Welles. Rose já refez milhares de frames em 3D, baseando-se em storyboards e fotos de bastidores. Outro nome envolvido é Tom Clive, especialista em efeitos visuais e manipulação digital de rostos, conhecido por trabalhos em grandes produções. A promessa é que a junção da expertise técnica com IA possa oferecer a reconstrução mais fiel já feita do clássico mutilado.

De qualquer forma, o uso da inteligência artificial no cinema desperta debates intensos. Enquanto uns veem risco na substituição de artistas humanos, outros enxergam uma oportunidade de preservar ou reviver obras que o tempo apagou. No caso de The Magnificent Ambersons, a tecnologia pode dar uma nova chance para que o público tenha acesso, ainda que parcialmente, ao sonho de Welles.

VÍDEO | Por que tudo agora tem Inteligência Artificial gratuita? É de graça mesmo? E a paga?

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