Médicos do Reino Unido desenvolveram um estetoscópio do tamanho de uma carta de baralho que interage com algoritmos de inteligência artificial (IA) e detecta problemas cardíacos em apenas 15 segundos.
- Reino Unido leva IA para serviço público e hospital vai usar para acelerar altas
- Com base em uma única imagem de retinografia, IA consegue diagnosticar glaucoma
- NASA e Google testam assistência médica por IA para astronauta em Marte e na Lua
O novo instrumento médico pode diagnosticar anomalias cardíacas — como insuficiência cardíaca, fibrilação atrial (um tipo de arritmia) e doenças das válvulas cardíacas — além de alterações no fluxo sanguíneo, ao mesmo tempo em que realiza um eletrocardiograma rápido.
O estetoscópio com recursos de IA pode ser fundamental na detecção precoce de problemas cardíacos, ajudando a evitar que os pacientes desenvolvam condições mais graves, como o bloqueio cardíaco completo, que pode ser fatal.
–
Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.
–
“Precisamos de inovações como essas, que permitam a detecção precoce da insuficiência cardíaca, porque muitas vezes essa condição só é diagnosticada em estágio avançado, quando os pacientes vão ao hospital em caráter de emergência”, destacou em comunicado a Dra. Sonya Babu-Narayan, diretora clínica da British Heart Foundation e envolvida nas pesquisas.
Como funciona o estetoscópio com IA?
O dispositivo, fabricado pela empresa Eko Health, é colocado no peito do paciente para registrar os sinais elétricos do coração por meio de um eletrocardiograma. Simultaneamente, seu microfone capta os sons do sangue fluindo pelo coração.
Os dados coletados nessa detecção inicial são enviados para um sistema de armazenamento em nuvem. Em seguida, algoritmos de IA analisam as informações para identificar problemas cardíacos sutis que poderiam passar despercebidos por médicos, e os resultados são transmitidos para um smartphone.
Os pesquisadores ressaltam que o novo estetoscópio deve ser utilizado apenas em pacientes com sintomas ou suspeita de doenças cardíacas, e não em avaliações de rotina.
“O design do estetoscópio não mudou há 200 anos – até agora. Portanto, é incrível que um estetoscópiointeligente possa ser usado para um exame de 15 segundos, e então a IA pode rapidamente fornecer um resultado de teste indicando se alguém tem insuficiência cardíaca, fibrilação atrial ou doença da válvula cardíaca”, ressaltou Dr. Patrik Bächtiger, médico do Imperial College London e do Imperial College Healthcare NHS Trust.

Testes com o estetoscópio de IA
O estudo conduzido para validar o dispositivo contou com a participação de 12 mil pacientes de 200 clínicas do Reino Unido. O instrumento foi aplicado em pessoas com sintomas de insuficiência cardíaca — como falta de ar, fadiga ou inchaço nas pernas.
Os pacientes examinados com a nova ferramenta tiveram o dobro de chances de serem diagnosticados com insuficiência cardíaca em comparação aos avaliados com estetoscópios tradicionais.
Além disso, apresentaram três vezes mais chances de diagnóstico de arritmia cardíaca. No caso das doenças das válvulas cardíacas, o dispositivo dobrou a taxa de detecção.
“Esta ferramenta pode ser um verdadeiro divisor de águas para os pacientes, levando a inovação diretamente às mãos dos clínicos gerais. O estetoscópio de IA permite que os médicos locais identifiquem problemas mais cedo e diagnostiquem pacientes na comunidade”, afirmou Mike Lewis, diretor científico de inovação do Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde e Cuidados do Reino Unido (NIHR, na sigla em inglês).
De acordo com os pesquisadores, o próximo passo é implementar o estetoscópio de IA em consultórios médicos de regiões como o País de Gales e o sul de Londres.
Leia mais:
- A Inteligência Artificial já pode indicar como os animais estão se sentindo
- Tecnoespiritualidade | IA é treinada por influenciadores para ser como um guia
- Como inteligência artificial e aprendizado de máquina revolucionaram a saúde
VÍDEOS | A IA VAI SUBSTITUIR OS MÉDICOS?
Leia a matéria no Canaltech.