
Resumo
- Documentos revelam que 10% da receita da Meta em 2024, cerca de US$ 16 bilhões (R$ 85 bilhões), veio de anúncios fraudulentos e produtos proibidos.
- Segundo a Reuters, a Meta teria adotado critérios mais rigorosos para banir anunciantes suspeitos, cobrando taxas mais altas em leilões.
- O objetivo seria desviar golpistas, mas, financeiramente, a plataforma seguiria lucrando com os anúncios suspeitos.
Relatórios internos da Meta indicam que 10% da receita total da empresa em 2024 — cerca de US$ 16 bilhões (mais de R$ 85 bilhões) — veio da veiculação de anúncios de golpes e produtos proibidos. A informação foi revelada nesta quinta-feira (06/11) pela agência Reuters.
Os documentos expõem como a dona do Facebook, Instagram e WhatsApp gerencia a vasta quantidade de conteúdo fraudulento em suas redes. Registros das divisões de finanças, segurança e engenharia revelam que, apenas entre 2021 e 2024, a empresa exibiu cerca de 15 bilhões de anúncios fraudulentos por dia.
O resultado seria uma arrecadação anual de US$ 7 bilhões (R$ 37 bilhões) somente com anúncios de “alto risco” (aqueles com indícios claros de fraude).
Como a Meta lida com anunciantes suspeitos?

De acordo com a Reuters, apesar dos sistemas internos sinalizarem atividades suspeitas, a Meta adota critérios rigorosos para o banimento definitivo. Segundo os documentos, a empresa só remove anunciantes se seus sistemas tiverem pelo menos 95% de certeza de que há fraude.
Em vez de banir imediatamente os que não atingem o limite, mas que ainda são considerados prováveis golpistas, a companhia teria implementado um sistema de taxas mais altas a serem cobradas desses anunciantes em leilões de anúncios na plataforma.
A estratégia teria o objetivo de desviar anunciantes suspeitos ao impactar seus lucros, reduzindo a exposição dos usuários a esses conteúdos. Financeiramente, porém, a medida permite que a Meta continue lucrando sobre os anúncios fraudulentos.
Os relatórios internos também revelam restrições financeiras impostas às equipes de segurança. No primeiro semestre de 2025, a equipe responsável por avaliar anunciantes questionáveis teria sido impedida de tomar medidas que pudessem custar à empresa mais de 0,15% de sua receita total.
Além disso, a Meta teria calculado internamente que eventuais multas regulatórias — estimadas em até US$ 1 bilhão (R$ 5,3 bilhões) — seriam financeiramente menores do que o lucro obtido mantendo esses anúncios no ar.
À agência, o porta-voz da Meta, Andy Stone, contestou a interpretação dos dados. Segundo Stone, os documentos apresentam uma “visão seletiva”, e a estimativa é “excessivamente abrangente”, incluindo também anúncios legítimos.
Stone declarou que a empresa combate fraudes “de forma agressiva” e já removeu mais de 134 milhões de anúncios fraudulentos em 2025.
Na mira das autoridades

Além dos anúncios pagos, a agência revela que a Meta enfrenta um volume ainda maior de “golpes orgânicos”, que não envolvem pagamento direto à plataforma, como perfis falsos e fraudes no Facebook Marketplace. Uma apresentação de dezembro de 2024 estima que os usuários são expostos a 22 bilhões de tentativas do tipo diariamente.
A divulgação desses documentos ocorre em um momento de pressão regulatória contra a Meta. Nos EUA, a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) investiga a empresa por veicular anúncios ligados a golpes financeiros. Já no Reino Unido, autoridades afirmam que plataformas da Meta estiveram envolvidas em mais da metade das perdas com fraudes de pagamento em 2023.
A Reuters revela que, internamente, a própria Meta reconhece as falhas. Uma análise de abril de 2025 teria concluído que “é mais fácil anunciar golpes em plataformas Meta do que no Google”. Diante da pressão, executivos traçaram metas para reduzir a porcentagem da receita vinda de golpes para 7,3% até o final de 2025. O plano é chegar a 5,8% em 2027.
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