Microsoft pode estar forçando estúdio de Candy Crush a usar IA

Tecnologia

A King, desenvolvedora de Candy Crush e Farm Hero Saga, foi oficialmente integrada ao guarda-chuva da Microsoft em outubro de 2023, como resultado da aquisição bilionária da Activision Blizzard pela dona do Xbox. Quase dois anos depois, o estúdio foi alvo de uma demissão em massa, enfrenta moral baixa e uma liderança tóxica. Além disso, os desenvolvedores são obrigados pela Microsoft a utilizar IA em atividades diárias, como relatou um funcionário.

Essas e outras informações partem do novo relatório do site mobilegamer.biz, que realizou entrevistas e apurou a situação da King durante as últimas seis semanas, a partir do corte que atingiu 200 pessoas do estúdio no início de julho.

Colaboradores e ex-colaboradores relataram que receberam propostas de pacote de rescisão e acordo de saída após o anúncio dos cortes. “Todos nós contratamos advogados e eles foram bem claros em dizer que as propostas não eram legais”, contou um ex-desenvolvedor da King. “Mas no fim, decidi assinar, simplesmente porque temo receber ainda menos e não acredito que possamos vencer contra uma corporação como a Microsoft”.


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Embora algumas pessoas tenham assinado o pacote de rescisão, outros funcionários seguem com ações legais, segundo fontes do site.

As informações reportadas pelo mobilegamer.biz também indicam que a demissão em massa não teve critério e não levou em consideração o desempenho dos desenvolvedores.

King foi adquirida pela Microsoft em outubro de 2023 (Divulgação/Microsoft)

Segundo outra fonte, a King teria “listado todos os funcionários, ordenados por salário e então os demitiu de cima para baixo, apenas poupando aqueles em quem confiam”. Alguns trabalhadores suspeitam de que colegas teriam sido promovidos pouco tempo antes do corte justamente para serem demitidos.

King em crise?

A bagunça na King foi tanta que fontes afirmaram ao portal que o estúdio recontratou alguns colaboradores que a própria empresa tinha demitido. “A lógica de quem foi escolhido para ser demitido tem sido difícil de entender, honestamente… a justificativa apresentada foi nossa camada pesada de gerência e desenvolvimento ineficiente de produtos, mas olhando para as pessoas dispensadas, isso não se encaixa”, destacou o site.

Apesar de alguns desenvolvedores afirmarem que a liderança sempre foi tóxica e desorganizada — acusando, inclusive, o RH de ter acobertado atitudes nocivas de líderes —, a Microsoft também teria contribuído para a moral baixa dentro do escritório da King.

“Os colaboradores individuais são talentosos e legais – a toxicidade vem da equipe de liderança. Então, sim, a Microsoft e a IA são uma das causas [da moral baixa], mas a toxicidade é algo endêmico da liderança da King”, relatou uma das fontes.

King foi afetada pela demissão em massa promovida pela Microsoft em julho (Divulgação/Microsoft)

Um dos principais motivos para a demissão em massa na época foi que a Microsoft estaria preparando um investimento pesado em infraestrutura baseada em Inteligência Artificial. Inclusive, foi reportado anteriormente que desenvolvedores da King foram substituídos por ferramentas de IA que eles mesmos desenvolveram.

Agora, parece que a Microsoft está impondo que o estúdio incorpore IA às tarefas diárias dos desenvolvedores. “A IA foi introduzida pela Microsoft como obrigatória já faz um tempo”, contou um envolvido ao mobilegamer.biz.

“A meta do ano passado, se me lembro bem, era alcançar 70 ou 80% de uso diário de IA em tarefas gerais. E a meta deste ano era chegar a 100%, para que cada artista, designer, desenvolvedor e até gestores usassem a IA diariamente.”

Embora a dona do Xbox possa estar exigindo o uso de IA, a adoção de tecnologias do tipo é muito baixa, com exceção do ChatGPT. Mesmo a liderança parece cética quanto ao uso da inteligência artificial.

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