No último dia 31, um estudo publicado na revista Cell revelou que a batata evoluiu de ancestral do tomate há cerca de 9 milhões de anos. Embora à primeira vista os dois pareçam distantes, a genética conta uma história bem diferente. Segundo a pesquisa, tomates silvestres que cresciam nos Andes cruzaram naturalmente com uma planta chamada Etuberosum. Esse processo de hibridização permitiu a troca de material genético e originou uma nova linhagem: o ancestral direto da batata que conhecemos hoje em dia.
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Acima do solo, a batateira lembra muito o Etuberosum, mas a diferença aparece ao arrancar a planta. Enquanto o Etuberosum possui caules finos subterrâneos, a batata desenvolve tubérculos ricos em amido.
Para entender como surgiu essa característica única, os cientistas analisaram 450 genomas de batatas cultivadas e 56 espécies silvestres, criando um dos maiores bancos de dados genômicos já reunidos sobre o tema. A investigação apontou dois genes-chave: SP6A, presente no tomate, e IT1, encontrado no Etuberosum. Sozinhos, eles não formam tubérculos, mas, quando combinados, desencadeiam o processo que transforma caules subterrâneos em reservas nutritivas e energéticas.
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Essa fusão genética proporcionou à batata vantagens evolutivas significativas. Os tubérculos armazenam energia, permitindo à planta sobreviver a invernos rigorosos e períodos de seca, além de possibilitar sua reprodução sem depender de sementes ou polinizadores. Com essa resistência, a espécie se espalhou pelos Andes, diversificando-se rapidamente.

Da domesticação à expansão global
Nas regiões andinas, povos indígenas cultivaram centenas de variedades de batata, selecionando aquelas com tubérculos maiores e mais saborosos. Quando chegou à Europa no século XVI, trazida por navios espanhóis, a planta foi recebida com desconfiança, mas logo conquistou espaço por sua alta produtividade e valor nutritivo. Hoje, a Solanum tuberosum domina o cultivo mundial, embora represente apenas uma fração da diversidade original encontrada nos Andes.
Apesar de seus “pais” genéticos terem se distanciado demais para um novo cruzamento natural, cientistas exploram formas artificiais de reproduzir essa união. Pesquisas em andamento buscam criar batatas que se reproduzam por sementes e até inserir os genes IT1 e outros necessários em tomates.
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