Neuralink é barrada ao tentar registrar “telepatia” e “telecinese”

Tecnologia
Resumo
  • Neuralink teve os pedidos de registro das marcas “Telepathy” e “Telekinesis” rejeitados pelo órgão responsável nos EUA.
  • O escritório de patentes apontou solicitações anteriores do empresário Wesley Berry.
  • Os nomes seriam usados em produtos que permitem controlar dispositivos por meio da atividade cerebral, mas Berry já havia registrado as marcas em 2023 e 2024.

A Neuralink, empresa de neurotecnologia cofundada por Elon Musk, está com dificuldades para registrar as marcas “Telepathy” (Telepatia) e “Telekinesis” (Telecinese). O pedido foi protocolado em março, mas em agosto o Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos (USPTO) apontou que já existiam solicitações anteriores para os mesmos nomes, travando o processo.

A empresa escolheu as marcas para batizar os seus primeiros produtos comerciais, ligados ao controle de dispositivos a partir da atividade cerebral. Musk havia anunciado o nome Telepathy em janeiro de 2024, ao se referir ao chip neural destinado a pessoas com limitações motoras.

Comandos pela mente

A Neuralink não pretende transformar nenhum ser humano em X-Men, mas os nomes refletem a proposta da tecnologia: permitir que pessoas com paralisia consigam interagir com o mundo digital apenas pelo pensamento, convertendo-o em textos e ações numa tela.

Criada em 2017, a companhia anunciou em 2020 o implante cerebral que permitira essas ações. O dispositivo registra sinais neurais e os traduz em comandos, permitindo mover um cursor ou digitar em uma tela sem necessidade de teclado ou mouse.

Desde 2024, a empresa usa a designação Telepathy para a tecnologia, aplicada pela primeira vez em janeiro daquele ano. O número de voluntários desde então subiu para 11, segundo a revista Wired, sendo os dois últimos transplantes feitos no Canadá. É a primeira vez que a empresa aplicou o transplante fora dos EUA, segundo anúncio feito pelo X/Twitter.

Disputa pelas marcas

O registro das marcas daria à empresa a exclusividade comercial sobre esses termos. O problema é que, segundo cartas enviadas em agosto pelo USPTO à empresa, outra pessoa chegou primeiro: Wesley Berry, um cientista da computação e cofundador da startup de tecnologia Prophetic.

Berry solicitou o registro de Telepathy em maio de 2023 e de Telekinesis em agosto de 2024. A Neuralink só protocolou suas intenções em março de 2025. Em ambos os casos, os solicitantes fizeram os pedidos como intenção de uso, mecanismo que reserva os direitos sobre um nome antes da chegada de um produto ao mercado. Com isso, Berry tem três anos para comprovar o uso efetivo da marca.

Curiosamente, o cenário é semelhante à disputa entre a Gradiente e a Apple no Brasil. A Gradiente registrou a marca “G GRADIENTE IPHONE” em 2000, mas a Apple questionou a validade do registro por falta de uso comercial contínuo, gerando uma batalha judicial que se arrasta há anos.

Enquanto os pedidos de Berry estiverem ativos, a Neuralink tem poucas alternativas. A empresa pode negociar a compra dos direitos, buscar um acordo de consentimento ou, caso Berry consiga comprovar o uso comercial e finalize o registro, pode ser obrigada a escolher novos nomes para seus produtos.

Neuralink é barrada ao tentar registrar “telepatia” e “telecinese”