O mercado de aplicativos e redes sociais de encontros enfrenta um novo e inesperado concorrente: as “namoradas de IA”. Plataformas que permitem criar companheiras virtuais hiper-realistas, capazes de conversar, flertar e até enviar conteúdo adulto personalizado, estão se popularizando rapidamente, e ameaçam abalar o modelo dos apps baseados em interações humanas, como Tinder, Bumble e até o polêmico Ashley Madison.
- O potencial da IA em relacionamentos mais eficazes e personalizados
- Dia dos Namorados | É seguro namorar uma IA? Especialistas respondem
Esses sites prometem eliminar o constrangimento das interações reais e oferecer relacionamentos “sob medida”, moldados ao gosto do usuário. A ascensão é tão intensa que, segundo relatos do setor, novas empresas de “AI dating” aparecem e desaparecem “como cogumelos”, em um mercado descrito como “uma guerra sangrenta” por quem atua nele.
Enquanto aplicativos tradicionais apostam na conexão emocional e na autenticidade, as plataformas de namoradas de IA vendem a fantasia da parceira perfeita: obediente, submissa e sempre disponível. Essa diferença de proposta está gerando inquietação dentro do próprio setor de encontros virtuais.
–
Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.
–
Em sites como Candy.ai ou Joi AI, os usuários podem escolher entre dezenas de perfis femininos prontos ou criar sua própria companheira digital, selecionando aparência, profissão, idade e até traços de personalidade. Termos como “obediente, dócil e feliz em seguir ordens” são usados como descrições-padrão, revelando uma preocupante tendência de reforço de estereótipos.

Além de conversar, essas namoradas artificiais enviam fotos e vídeos explícitos gerados por IA, em troca de tokens pagos via transferência bancária.
Apps de namoro e IA
Até empresas acostumadas com o lado polêmico dos relacionamentos online, como o Ashley Madison, conhecido por facilitar encontros extraconjugais, demonstram preocupação. Uma executiva da marca que não quis se identificar afirmou que trata-se de uma competição desleal.
“Como competir com plataformas que permitem criar a fantasia perfeita em vez de viver uma conexão real? Quando alguém finalmente quiser encontrar uma pessoa, ninguém vai corresponder a essa expectativa”, questionou.
Enquanto os desenvolvedores vendem o conceito de “praticar habilidades sociais” com IA, críticos temem que esses produtos aprofundem o isolamento e alimentem visões distorcidas sobre relacionamentos. O resultado pode ser uma geração acostumada a controlar cada aspecto da “parceira ideal”, perdendo o interesse nas relações humanas autênticas.
Vale lembrar que os apps de relacionamento já aderem à IA: o Facebook Dating ganhou um novo assistente de namoro e o Happn quer que você use IA para planejar ‘dates perfeitos’.
Leia também:
- Homem se apaixona por inteligência artificial e conta como funciona o namoro
- Namorar IA é a mais nova moda entre jovens chinesas
VÍDEO | Todo mundo ODEIA a Inteligência Artificial
Leia a matéria no Canaltech.