O que é a Neuralink? Conheça a empresa de chip cerebral do Elon Musk

Tecnologia

Neuralink é uma empresa de neurotecnologia cofundada por Elon Musk que desenvolve interfaces cérebro-máquina (ICMs) implantáveis no crânio humano. Esses dispositivos são capazes de traduzir sinais neurais em ações, permitindo que indivíduos controlem máquinas a partir do pensamento.

A princípio, a Neuralink prevê que sua interface neural poderá expandir a capacidade de pessoas com deficiência ou que tiveram lesões neurológicas. Mas a ideia da empresa é que seu dispositivo se torne um produto comercial no futuro, proporcionando imersão digital ao integrar humanos e máquinas.

Chamado de N1, o chip da Neuralink funciona mediante cirurgia para o implante neural. Uma vez que o dispositivo é implantado, fios ultrafinos da interface se conectam a células cerebrais, captam as mensagens dos impulsos elétricos, e enviam as informações para sistemas externos de IA e machine learning.

A seguir, entenda melhor o que é e o que faz a Neuralink, e confira detalhes sobre o funcionamento da interface neural da empresa.

Neuralink é uma empresa norte-americana do segmento de neurotecnologia. Fundada no dia 21 de junho de 2016, a companhia busca ser a pioneira no desenvolvimento de interfaces cérebro-máquina (ICM ou BCI, em inglês): chips cerebrais implantáveis que podem traduzir sinais neurais em ações.

O empresário e bilionário Elon Musk é reconhecido como o dono da Neuralink, por ser cofundador e sócio majoritário da empresa. O cofundador e atual presidente da Neuralink, Dongjin “DJ” SEO, também tem participação ativa nas diretrizes da companhia, embora o status de “dono” seja atribuído a Musk.

Vale destacar que não há dados públicos que indiquem a porcentagem da participação de Musk sobre a Neuralink, e nem detalhes sobre outros possíveis acionistas que possam integrar o quadro societário da empresa.

A Neuralink investe em pesquisas e experimentos de tecnologia neural para o desenvolvimento de interfaces cérebro-máquina (ICMs) implantáveis no crânio de pessoas com deficiência ou que sofreram graves lesões que comprometeram a fala, o movimento ou a visão.

A ideia é que esses dispositivos possam traduzir sinais neurais em ações, permitindo que indivíduos consigam controlar PCs, braços robóticos e outros tipos de máquinas apenas com o pensamento.

O objetivo da Neuralink consiste em validar uma interface cérebro-computador implantável capaz de expandir a capacidade de pessoas com deficiência ou com lesões neurológicas. Diversas empresas estão trabalhando nessa frente, mas a Neuralink de Elon Musk quer despontar como a pioneira a colocar o produto nas prateleiras.

Mas apesar dos discursos com propósitos voltados para a área da saúde, a Neuralink também foca em um objetivo meramente tecnológico. Inclusive, Musk chegou a dizer no passado que uma interface neural permitiria uma “simbiose” entre humanos e máquinas, de modo a evitar que pessoas se tornassem “gatos domésticos” com o avanço da inteligência artificial.

Portanto, a Neuralink parece focar (no curto e médio prazo) em um chip neural que pode expandir a capacidade de pessoas com deficiência ou lesões. Mas no futuro (longo prazo), a empresa pode levar o produto para outros públicos, permitindo que pessoas se conectem a máquinas para maior imersão digital.

O chip da Neuralink funciona como um sistema de comunicação bidirecional entre o cérebro do usuário e dispositivos externos. Esse funcionamento permite que os sinais neurais captados do usuário consigam controlar máquinas sem qualquer ação adicional da pessoa.

Tudo começa com uma cirurgia para o implante neural. Em suma, uma máquina robótica abre um pequeno buraco no crânio do usuário para a inserção da interface da Neuralink, chamada de N1. A N1 mede cerca de 23 mm de diâmetro e tem 8 mm de espessura, e é formada por alguns componentes físicos (hardwares): um invólucro biocompatível, bateria, chips e eletrônicos, além de fios de eletrodos ultrafinos.

Depois que o chip é implantado, os fios de eletrodos se conectam com até mil células cerebrais diferentes, e se tornam capazes de detectar as mensagens transmitidas entre neurônios pelos impulsos elétricos. De acordo com a Neuralink, usuários podem ter até 10 chips N1 implantados.

O chip então se comunica (sem fio) com máquinas externas (como um PC), e os sinais são interpretados via software. Com a ajuda de modelos de inteligência artificial e machine learning, o sistema passa a compreender os sinais do usuário, transformando essas mensagens em ações. Com o tempo, o usuário pode usar máquinas a partir de seus pensamentos.

Cases de ensaios clínicos mostraram que pacientes com a interface N1 implantada puderam jogar, mexer no computador, e até escrever seu nome.

Sim, embora existam ressalvas. Neuralink é uma das empresas de Elon Musk, que atingiu um valor de mercado de US$ 9 bilhões em 2025. Apesar de valuation não validar nada e de polêmicas e contradições éticas do bilionário, presume-se que a empresa tenha capacidade de investir em tecnologias experimentos científicos de ponta.

Além disso, a Neuralink recebeu aval da Administração Federal de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos em 2023 para iniciar ensaios clínicos da interface cérebro-máquina em humanos.

No entanto, vale frisar que os chips neurais envolvem diversos riscos. Implantes neurais são processos delicados, que exigem máximo cuidado antes, durante e após a cirurgia.

E por ainda estar em fase de ensaios clínicos, não há certezas sobre problemas ou possíveis sequelas no médio e longo prazo. Como exemplo, relatórios recentes mostraram que 85% dos fios do primeiro implante da Neuralink foram desconectados do cérebro do paciente, o que acende o alerta para questões de segurança e eficácia.

A principal diferença entre Neuralink e outras empresas de interface neural está no propósito. Players como Synchron e Paradomics deixam claro que suas interfaces cérebro-máquinas são voltadas para necessidades médicas. Já a Neuralink enxerga a BCI no longo prazo como um dispositivo tecnológico de consumo.

Esse propósito também implica em questões de durabilidade. A Paradomics cita que a Neuralink utiliza uma interface com prazo de validade próximo a dois anos, devido aos materiais em polímeros e à necessidade de manutenções. Em contrapartida, a própria Paradomics utiliza materiais como metais e cerâmicas, o que faz com que os dispositivos possam durar décadas.

O que é a Neuralink? Conheça a empresa de chip cerebral do Elon Musk