O Ai4, realizado entre 11 e 13 de agosto em Las Vegas (EUA), é considerado um dos maiores eventos do setor de inteligência artificial (IA) do mundo. Com mais de 600 palestrantes, os participantes chegaram à 8ª edição da conferência com experiências e ideias consolidadas sobre IA, como foi o caso de Fei-Fei Li.
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Conhecida como a “madrinha da IA”, a cientista sino-americana se destacou por seu trabalho inovador em visão computacional, que serve de base para diversos sistemas de reconhecimento de imagens por IA.
Sua participação no Ai4 reforçou a ideia de que os avanços em inteligência artificial devem ser guiados pelo princípio de preservar a dignidade humana. Além disso, Li apresentou sua visão sobre o conceito de inteligência artificial geral (AGI, na sigla em inglês).
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A conferência também reuniu outras figuras influentes, como Yogi Pillay, chefe de Arquitetura de Soluções para Grandes Empresas da OpenAI, e Geoffrey Hinton, conhecido como o “padrinho da IA”.
Quem é Fei-Fei Li?
Fei-Fei Li nasceu em 3 de julho de 1976, em Pequim, na China. Aos 16 anos, mudou-se para Nova Jersey, nos Estados Unidos. Formou-se em Física pela Universidade de Princeton em 1999 e concluiu o doutorado em Engenharia Elétrica pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) em 2005.
Durante sua carreira acadêmica, desempenhou papel fundamental no avanço do aprendizado one-shot — método aplicado em visão computacional e processamento de linguagem natural que permite à IA fazer previsões com poucos dados disponíveis.
A partir de 2005, Li passou a integrar o corpo docente de universidades como Illinois e Princeton, em áreas como Engenharia Elétrica, Engenharia da Computação e Ciência da Computação.
Após perceber a oportunidade de organizar os dados de imagens online em prol dos avanços tecnológicos, Fei-Fei criou, em 2009, o ImageNet. Trata-se de conjunto de dados em larga escala com mais de 3,2 milhões de imagens, considerado um dos principais catalisadores da IA moderna.
Suas contribuições para o mundo da tecnologia levaram-a ao Google em 2017, onde atuou como vice-presidente da empresa e cientista-chefe de IA/ML no Google Cloud.
Atualmente, Li é professora do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Stanford, codiretora-fundadora do Instituto de IA Centrada no Ser Humano de Stanford e CEO da World Labs, empresa focada em inteligência espacial e IA generativa.

Inteligência artificial geral e conceito de IA
Em um bate-papo com o jornalista da CNN Matt Egan, no dia 13 de agosto no Ai4, Fei-Fei Li destacou que não vê a busca pela inteligência artificial geral separada do conceito inicial de IA.
“Não sei a diferença entre a palavra AGI e IA. Porque quando Alan Turing, John McCarthy e Marvin Minsky, os pais fundadores e pensadores da IA, desafiaram a humanidade com as possibilidades que as máquinas são capazes de oferecer, não estavam falando de máquinas que pensam de forma limitada e não generalista. Eles literalmente tinham a maior imaginação”, destacou a cientista durante a conferência.
Segundo ela, os avanços da IA não devem ser encarados como uma disputa contra a inteligência humana, mas como uma oportunidade de criar sistemas que trabalham em conjunto com as pessoas.
Isso, defendeu, exige supervisão especializada, bom design e responsabilidade ética, sempre colocando o ser humano em primeiro lugar.
Já Geoffrey Hinton, amigo de longa data de Li, disse no mesmo evento que será quase impossível manter o controle da inteligência das máquinas. Para ele, a saída é projetar sistemas de IA com “instintos maternos”, capazes de proteger e cuidar das pessoas mesmo que superem a inteligência humana.

IA centrada no ser humano
De acordo com a ex-executiva do Google, o futuro dos recursos de IA deve ter como norte a empatia e curiosidade, garantindo que o desenvolvimento dessas ferramentas coloque o ser humano no centro.
“É nossa responsabilidade, em todos os níveis, criar e usar a tecnologia da maneira mais responsável. E, em nenhum momento, nenhum ser humano deve ser questionado ou deve abrir mão de sua dignidade”, ressaltou a especialista.
Esse pensamento se conecta à sua defesa de que a IA deve seguir um método socrático, sobretudo na educação — estimulando perguntas que levem a novas reflexões, em vez de encerrar investigações.
“Como mãe, como educadora e como inventora, eu realmente acredito que este é o cerne de como a inteligência artificial deve ser centrada no ser humano”, acrescentou a cientista durante a sua fala no Ai4.
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