Ondas de calor intenso podem acelerar envelhecimento tanto quanto fumar ou beber

Tecnologia

A exposição frequente a ondas de calor pode acelerar o envelhecimento biológico, tanto quanto fumar e beber. É o que diz um estudo publicado na revista Nature Climate Change no último dia 25. A pesquisa, conduzida por especialistas da Universidade de Hong Kong, analisou dados de quase 25 mil adultos em Taiwan ao longo de 15 anos, mostrando que o calor extremo vai além do desconforto imediato e pode impactar diretamente a saúde celular e orgânica.

Diferente da idade cronológica, medida pelo tempo de vida, o envelhecimento biológico está relacionado ao funcionamento de tecidos, órgãos e células. Para calcular esse índice, os pesquisadores usaram 12 biomarcadores de saúde, incluindo parâmetros do fígado, pulmões e sistema circulatório.

Os resultados mostraram que, em períodos de dois anos, a exposição a ondas de calor intensas pode acrescentar de 8 a 12 dias extras no envelhecimento biológico. Embora esse número pareça pequeno, ele se acumula ao longo do tempo, elevando significativamente os riscos de doenças crônicas e redução da qualidade de vida.


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O estudo comparou os efeitos do calor com hábitos já conhecidos por impactar a saúde, como fumar e beber. As ondas de calor entram no mesmo patamar de risco, influenciando no ritmo de envelhecimento da população.

Cada aumento no nível de exposição às ondas de calor foi associado a até 0,031 anos adicionais na idade biológica dos participantes. Assim como ocorre com tabaco e álcool, os danos não se limitam a curto prazo, mas somam efeitos cumulativos ao longo da vida.

Quem sofre mais com o calor

Ondas de calor intenso podem acelerar envelhecimento tanto quanto fumar ou beber (Imagem: Freepik)

O impacto das ondas de calor não é igual para todos. Idosos e pessoas sem acesso a ar-condicionado tendem a sofrer mais com os efeitos nocivos. Em países com populações mais velhas, como Taiwan, Itália e Espanha, essa vulnerabilidade é ainda maior.

No Brasil, onde o aquecimento global tem provocado recordes de temperatura, os grupos mais pobres também estão mais expostos, seja pela falta de infraestrutura adequada, seja por atividades laborais em ambientes externos.

O estudo aponta que, além de fatores individuais como alimentação e exercícios, as condições ambientais desempenham papel decisivo no envelhecimento saudável. Por isso, os pesquisadores defendem que os governos precisam adotar medidas que reduzam a exposição populacional ao calor extremo.

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