Os furacões registrados na Terra costumam deixar estragos por onde passam. Já os furacões espaciais podem ter efeitos semelhantes às tempestades terrestres, afetando o campo magnético do planeta e interferindo nos sinais de GPS.
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Assim como os furacões atmosféricos, os espaciais giram em espiral e possuem um centro calmo. A principal diferença está em sua composição, visto que em vez de nuvens e chuvas, os furacões espaciais são formados por plasma — partículas carregadas que são impulsionadas pelo campo magnético da Terra.
O primeiro registro de uma tempestade desse tipo no espaço ocorreu em 20 de agosto de 2014. Um enorme redemoinho de plasma surgiu acima do polo Norte e brilhava como uma aurora boreal.
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Um estudo conduzido por cientistas da Universidade de Shandong investigou as características desse fenômeno e revelou detalhes sobre sua formação e comportamento.
“O furacão espacial se formou em condições muito calmas. A atividade solar era baixa”, destacou Sheng Lu, líder da pesquisa, ao site Spaceweather.com.
Tempestade eletrodinâmica
Os pesquisadores usaram dados de dois satélites para traçar um perfil mais detalhado do furacão espacial: o DMSP F17, do Programa de Satélites Meteorológicos de Defesa dos Estados Unidos, e o Swarm B, da Agência Espacial Europeia.
Enquanto o DMSP F17 sobrevoou o centro do redemoinho, dez minutos depois o Swarm B cruzou sua borda.
As informações analisadas confirmaram que o fenômeno se tratava de uma tempestade eletrodinâmica ativa, e não apenas de uma manifestação luminosa semelhante à aurora.
Utilizando dados de GPS da Rede Ionosférica do Alto Ártico Canadense, a pesquisa mostrou que os sinais de satélites localizados na borda do furacão apresentaram fortes cintilações, que podem comprometer a precisão dos sistemas de navegação por GPS.
Simultaneamente, magnetômetros na Groenlândia registraram variações abruptas no campo magnético terrestre, com mudanças de até 400 nanoteslas.

Tempestades em condições calmas
Os cientistas liderados por Sheng Lu também fizeram a descoberta surpreendente de que os furacões espaciais tendem a se formar em condições climáticas espaciais calmas.
No caso da tempestade de 2014, o campo magnético interplanetário (FMI) estava alinhado ao norte — uma configuração que geralmente reduz os efeitos da atividade geomagnética.
Nesse cenário, a energia carregada pelo vento solar entra pela parte posterior da magnetosfera terrestre. Por meio de um processo chamado reconexão dos lóbulos magnéticos, essa energia é direcionada para a calota polar.
Fluxos circulares de plasma e correntes elétricas formam, então, o furacão espacial acima do polo da Terra.
Com a crescente dependência de sinais estáveis no espaço para GPS e comunicações via satélite, entender melhor as tempestades espaciais se torna cada vez mais urgente.
Confira o estudo na íntegra na revista científica Space Weather.
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