
Resumo
- O Papa Leão XIV rejeitou a criação de um avatar de IA, citando a criação de um “mundo falso” e riscos à dignidade humana.
- Leão XIV reforçou a importância das relações humanas frente à automação.
- Apesar do veto, IAs não autorizadas já reproduzem o Papa e outros pontífices do passado em plataformas como Meta e ChatGPT.
O Papa Leão XIV recusou uma proposta para a criação de seu avatar de inteligência artificial. A IA permitira que os fiéis tivessem “audiências virtuais” com o pontífice. À jornalista e biógrafa papal Elise Allen, ele expressou profundas preocupações sobre os rumos da tecnologia e o impacto dela na dignidade humana e no mercado de trabalho.
“Se existisse alguém que não deveria ser representado por um avatar, eu diria que o Papa está no topo da lista”, afirmou Leão XIV. Apesar da recusa do Vaticano em criar uma persona digital oficial, IAs não autorizadas já simulam o chefe da igreja católica.
IA seria um guia espiritual
“Alguém recentemente pediu autorização para criar um ‘eu artificial’ para que qualquer pessoa pudesse entrar em um site e ter uma audiência pessoal com ‘o Papa’”, explicou em entrevista. “Este Papa de inteligência artificial daria respostas às suas perguntas, e eu disse: ‘Não vou autorizar isso’”.
Para o pontífice, existe um perigo real na criação de um “mundo falso”, que afasta a humanidade da verdade. A principal preocupação, para ele, é o impacto social da automação. “Nossa vida humana faz sentido não por causa da inteligência artificial, mas por causa dos seres humanos e do encontro, de estarmos uns com os outros, criando relacionamentos”, disse.
Para explicar o ponto de vista, Leão XIV traçou um paralelo com a Revolução Industrial, afirmando que a escolha de seu nome papal foi uma homenagem a Leão XIII, que no século XIX escreveu sobre os direitos dos trabalhadores.
“Se automatizarmos o mundo inteiro e apenas algumas pessoas tiverem os meios para viver bem, teremos um grande problema pela frente”, alertou. De acordo com ele, a Igreja não é contra o avanço tecnológico, mas insiste na manutenção da relação entre ciência e fé, para que “o coração humano não se perca em meio ao desenvolvimento tecnológico”.
Avatares não oficiais já existem

Apesar da posição oficial do Vaticano, a figura do Papa já foi apropriada por ferramentas de IA. Na plataforma da Meta, por exemplo, que permite a criação de IAs personalizadas, já é possível encontrar chatbots criados por usuários que se passam tanto pelo Papa Leão XIV quanto pelo antecessor, o Papa Francisco.
Nos GPTs personalizados no ChatGPT, há ainda mais versões, incluindo o pontífice atual e de séculos atrás, como Paulo III e Leão I — chefe da igreja no primeiro milênio, entre os anos 440 e 461.
Em todo caso, as descrições oficiais sugerem que as ferramentas servem para questionamentos sobre a vida, sabedoria e guia de espiritualidade. Nesse sentido, os chatbots se aproximam do uso terapêutico, prática que já foi desencorajada pelo CEO da OpenAI, Sam Altman.
Com informações do The Register