Evanio do Nascimento Felippe (*)
A indústria paranaense vive um dos momentos mais positivos de sua trajetória recente. Com um crescimento de 4,2% na produção industrial acumulada em 2025, até o último dado disponível (agosto), o Paraná lidera o avanço industrial entre os estados mais relevantes do país, na frente de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Embora outras federações, como Pará e Espírito Santo, também apresentem crescimento, o protagonismo paranaense se confirma quando o critério é o peso industrial no contexto nacional.
Esse desempenho é fruto de uma série de fatores que vêm se consolidando ao longo dos anos e que se manifestam de forma bastante clara neste momento. O primeiro deles é o dinamismo do mercado de trabalho. Enquanto a taxa de desemprego nacional gira em torno de 5,8%, no Paraná ela está abaixo dos 4%. Isso significa mais pessoas empregadas, mais renda circulando, maior consumo e, portanto, demanda mais elevada por bens produzidos localmente, o que impulsiona diretamente o setor industrial.
Outro ponto relevante é o crescimento consistente dos setores de comércio e serviços, que respondem por cerca de 70% do PIB nacional. À medida que esses setores crescem, demandam mais produtos da indústria, gerando uma retroalimentação positiva para o setor produtivo. Esse movimento é observado não apenas em nível estadual, mas em todo o território nacional.
Do ponto de vista setorial, alguns segmentos se destacam de forma significativa no Paraná. A produção de máquinas e equipamentos, categoria que compõe os chamados bens de capital, tem puxado a fila do crescimento industrial, acompanhada por setores como o automotivo, papel e celulose, produtos químicos e aparelhos elétricos. Tais segmentos, com forte capacidade de gerar inovação, emprego qualificado e valor agregado, têm sido motores da expansão industrial paranaense.
Esse desempenho, porém, não surge de forma isolada. Ele está diretamente relacionado à capacidade empreendedora da sociedade paranaense, que tem se mostrado perspicaz na identificação e materialização de oportunidades. Isso, aliado a investimentos consistentes ao longo dos últimos anos tanto por parte do setor privado quanto de iniciativas públicas, tem criado um ambiente favorável para o avanço da indústria. Um exemplo é o investimento da Klabin nos projetos Puma I e II, que gerou não apenas crescimento na produção de papel e celulose, mas uma série de externalidades positivas que beneficiam todo o estado.
Também é importante citar os novos investimentos internacionais que vêm sendo atraídos. Um caso emblemático é a instalação de uma fábrica chinesa de pneus no estado, movimento que demonstra a atratividade do Paraná no cenário global. Embora a indústria de alimentos ainda represente cerca de 30% da matriz industrial local, apoiada pela força do setor agropecuário paranaense, há uma clara diversificação do parque fabril, o que amplia ainda mais a resiliência e a capacidade de expansão do estado.
Naturalmente, existem desafios. A infraestrutura é um deles, e não se restringe apenas a rodovias ou ferrovias. Estamos falando de logística integrada, conectividade digital (como 5G e, em breve, 6G) e modernização da estrutura energética. Investir em infraestrutura é investir em competitividade. Quando o custo logístico diminui, o produto chega mais barato ao consumidor. Isso contribui para o controle inflacionário, estimula o consumo e retroalimenta a produção, um ciclo virtuoso que precisa de base sólida para se sustentar.
Nesse cenário, a atuação da FIEP, associada da AHK Paraná, tem sido estratégica. Por meio dos Fóruns Regionais da Indústria, implementados em 2024, a Federação vem promovendo uma escuta ativa em todas as regiões do estado. Esses encontros identificaram quatro eixos prioritários: energia, infraestrutura, empregabilidade e parques industriais. A partir daí, foram criadas oficinas regionais, que buscam soluções concretas com a participação de empresários, sociedade civil e poder público.
Mais do que representar a indústria, a FIEP tem sido catalisadora de ações e propostas que fomentam o desenvolvimento sustentável e competitivo da indústria paranaense. Hoje, o Paraná é a quarta maior economia industrial do país e, dependendo do recorte, ocupa o terceiro lugar, considerando apenas a indústria de transformação. É um estado que gera empregos qualificados, produz riqueza, recolhe impostos e, sobretudo, melhora a qualidade de vida das pessoas.
O papel da indústria vai além dos números, ela está presente na rotina de milhares de famílias, nos mais diversos municípios do estado. A atividade industrial transforma, desenvolve, conecta e proporciona bem-estar. E é com essa convicção que seguimos trabalhando para consolidar o Paraná como um dos melhores locais do Brasil, e da América Latina, para se produzir, inovar e crescer.
(*) Evanio do Nascimento Felippe é economista da FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná).
O post Paraná consolida sua força como potência industrial brasileira apareceu primeiro em Comex do Brasil.

