
A Polícia Federal deflagrou na última semana, no Rio de Janeiro, a Operação Miopia, resultando na prisão preventiva de um homem em Botafogo, zona sul da cidade. Ele é investigado por integrar uma organização criminosa transnacional focada na disseminação de fotos e vídeos de abuso sexual infantojuvenil em fóruns especializados na dark web.
A ação foi conduzida pela Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC) da PF no Rio. Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão na residência do investigado, os agentes recolheram um vasto arsenal digital: oito computadores, quatro celulares e dezenas de mídias de armazenamento, como HDDs e SSDs. Todo o material foi submetido à perícia técnica criminal para identificar a extensão dos crimes.
As investigações ganharam corpo a partir de cooperação policial internacional, um passo importante dado o alcance global dos fóruns utilizados pelo criminoso. Segundo a Força-Tarefa de Investigações na DarkWeb da PF, há indícios de que o investigado não apenas participava ativamente das discussões, conectando-se a abusadores de todo o mundo, mas também publicava uma vasta quantidade de conteúdos ilícitos dessa natureza.
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Terreno fértil da dark web
É importante entender o ambiente onde esses crimes ocorrem. A “dark web” é frequentemente associada apenas a atividades ilegais, mas a realidade técnica é mais complexa. Trata-se de uma camada da internet que não é indexada por mecanismos de busca tradicionais, como o Google, e exige o uso de navegadores especiais para ser acessada — como o Tor.

A principal característica desse espaço é o alto grau de anonimato que oferece aos seus usuários. Embora essa privacidade seja utilizada para fins legítimos, como a proteção de identidades de jornalistas ou ativistas em regimes opressores, ela também cria um terreno fértil para o crime.
A dificuldade de rastreamento torna a dark web local propício para a venda de dados roubados, itens ilegais e, como no caso da Operação Miopia, o funcionamento de fóruns dedicados à troca de materiais de abuso sexual.
Os crimes e a gravidade dos fatos
O suspeito preso em Botafogo não responderá apenas por um crime. As investigações apuram um conjunto de delitos graves, incluindo organização criminosa, além da produção, compartilhamento e armazenamento de arquivos contendo cenas de violência sexual infantojuvenil. A PF também investiga condutas relacionadas aos crimes de aliciamento de criança e estupro de vulnerável.
A própria Polícia Federal faz uma ressalva importante sobre a nomenclatura. Embora a legislação brasileira (art. 241-E do Estatuto da Criança e do Adolescente) use o termo “pornografia” infantil, a comunidade internacional entende que o correto é referir-se a “abuso sexual” ou “violência sexual”.
A mudança, segundo a PF, “ajuda a dar dimensão da violência inflingida nas vítimas desses crimes tão devastadores”.

Alerta para pais e responsáveis
O caso expõe uma realidade preocupante e serve de alerta máximo para pais, parentes e responsáveis. A Polícia Federal destaca a importância de monitorar e orientar crianças e adolescentes sobre os perigos do mundo virtual e físico. A proteção contra abusos sexuais exige vigilância ativa.
Isso significa conversar abertamente sobre os riscos online, explicar o uso seguro de redes sociais, aplicativos de mensagem e, principalmente, jogos online — um vetor comum para aliciadores. Acompanhar de perto as atividades digitais dos jovens é uma medida essencial.
A PF recomenda atenção a mudanças súbitas de comportamento, “como isolamento repentino ou segredo em relação ao uso do celular e do computador”, que podem indicar situações de risco. “É igualmente importante ensinar às crianças e adolescentes como agir diante de contatos inadequados em ambientes virtuais, reforçando que podem e devem procurar ajuda”, destaca a instituição.
No fim, a prevenção e a informação continuam sendo os instrumentos mais eficazes para salvar vidas.
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