
Resumo
- Polícia Metropolitana de Londres acusa a Apple de não verificar o banco de dados de dispositivos furtados ao aceitar iPhones usados em trocas por desconto.
- Apple defende suas medidas de segurança já existentes, mas considera o bloqueio global via IMEI.
- Operadoras de telefonia móvel do Reino Unido também criticam a Apple por “minar” seus esforços contra o crime.
A Polícia Metropolitana de Londres (Met) acusa a Apple de facilitar a comercialização de iPhones roubados. Segundo as autoridades, a empresa negligencia o uso de um banco de dados nacional de dispositivos furtados (NMPR) ao aceitar aparelhos usados em seu programa de troca por descontos.
Segundo a Met, a Apple tem acesso e utiliza o NMPR diariamente, mas somente para “verificar o status da rede de dispositivos comercializados”. A polícia alega que a fabricante “não verifica roubos nem toma nenhuma providência”. A acusação foi detalhada em comunicações com parlamentares britânicos, de acordo com o jornal The Telegraph.
A denúncia ocorre em meio ao que autoridades descrevem como “epidemia” de roubos de celulares na capital inglesa. Mais de 80 mil telefones foram roubados em Londres no ano passado, um aumento significativo em relação aos 64 mil registrados no ano anterior — quase 80% dos smartphones roubados na cidade são iPhones.
Além do prejuízo financeiro para os usuários, a Met alertou para as crescentes ligações entre o roubo de celulares e crimes violentos, afirmando que algumas gangues têm migrado da venda de drogas para o roubo de aparelhos.
O que diz a Apple?

Em resposta, a Apple defendeu suas atuais medidas de segurança. A empresa destacou recursos já implementados, como a Proteção de Dispositivo Roubado, que adiciona camadas de segurança biométrica para alterar configurações sensíveis, e o Bloqueio de Ativação, que vincula o aparelho permanentemente à conta Apple do proprietário original.
Sobre a demanda por um bloqueio global de aparelhos via IMEI (o identificador único de 15 dígitos), a Apple afirmou que está considerando a medida. No entanto, alertou que tal bloqueio “ainda pode ser usado indevidamente” por fraudadores que registram falsas ocorrências de roubo.
A empresa também argumentou que o bloqueio do IMEI não impediria o desmonte dos aparelhos para a venda de peças, destino de muitos dos dispositivos.
Essa disputa, porém, não é nova. A polícia britânica pressiona a Apple e o Google há meses para que adotem medidas mais rigorosas de segurança. Operadoras de telefonia móvel do Reino Unido também criticam a gigante de Cupertino, acusando-a de “minar” os esforços contra o crime ao supostamente se recusar a inutilizar aparelhos roubados.
No Brasil, iPhones são os mais visados por criminosos
Furto e roubo de celulares representam um problema crônico de segurança pública também no Brasil. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024 registrou uma queda de 10,1% nos roubos de celulares no país, mas os aparelhos da Apple estão entre os mais visados pelos criminosos — 25% do total, segundo o levantamento.
Vale lembrar que o Brasil implementou em 2023 o programa federal Celular Seguro, que visa agilizar o bloqueio de aparelhos. A iniciativa, no entanto, não conta com a adesão direta da Apple, Google ou Samsung, que optam por manter seus próprios sistemas de rastreio e bloqueio remoto. O foco da plataforma do governo, por sua vez, é enviar alertas simultâneos para bancos e operadoras.
Polícia de Londres cobra exigências da Apple contra roubo de iPhones

