A ADATA é um colosso no mercado de memória e armazenamento, com diversos componentes presentes nos PCs e notebooks vendidos no Brasil — isso sem contar a divisão gaming XPG, que conta com hardwares e periféricos de altíssimo desempenho. Porém, você sabe como eles chegam até a sua casa?
Para descobrir todos os detalhes sobre o processo que começa nos semicondutores e vai até os exigentes testes de qualidade, o Canaltech visitou a fábrica da companhia em Santo Antônio de Posse, em São Paulo, e te mostra como funciona toda a cadeia produtiva.
Além do gigantesco e esclarecedor passeio por dentro dos corredores e entre os maquinários pesados da ADATA, também conversamos com o presidente da companhia — Paulo Júnior — e com os executivos Nivaldo Gagliardo, Felipe Masselli e Thiago Tieri, que falaram sobre os planos da companhia e compartilharam o que vem por aí.
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A ADATA no Brasil
Antes de falarmos de como é a fábrica da ADATA por dentro, é necessário entender as dimensões da planta em Santo Antônio de Posse. O espaço tem 10.800 m² e é responsável por produzir memórias DDR4, DDR5 e SSDs PCIe Gen4x4 para companhias como Lenovo, Acer, LG, HP, Dell, ASUS e diversas outras no território brasileiro.

Ou seja, se você possui algum dispositivo destas marcas que foi produzido no Brasil, é muito possível que dentro dele tenha uma memória ou SSD da ADATA. É possível que você já consuma o que eles produzem há anos, sem sequer saber de onde veio e como é o processo de desenvolvimento.
Caminhada pela fábrica
A planta de Santo Antônio de Posse possui dois gigantescos laboratórios para produção e testes de memórias. Um deles é uma sala limpa de categoria 1K (ISO6) de 2.000 m². O que isso quer dizer? Que ela tem de estar mais livre de germes e bactérias do que uma sala de cirurgia.
Já o segundo ambiente é uma sala limpa de 1.000 m² com categoria 10K (ISO7) — que, por mais que tenha um número “maior”, significa que o ambiente exige menos proteção e oferece menos riscos aos que trabalham lá do que um de categoria 1K ou de níveis 100, 10 e 1.
Para a visita na fábrica da ADATA, é obrigatório o uso de equipamentos próprios para a proteção dos eletrônicos, máquinas e das próprias pessoas. Isso faz qualquer pessoa pensar nos EPI, como capacete, óculos, luvas e botas. Porém, o que vestimos foi digno de “temos um 2319” (se você assistiu Monstros SA, sabe do que estamos falando).

Também é exigida a utilização de macacão, proteção antiestática para a bota, máscara, luvas e capuz. Ficamos literalmente apenas com os olhos livres, o que dificultava bastante ver qualquer coisa com essa “skin”.
Após passar por uma máquina de detecção de metais e de uma cabine de desinfecção, finalmente estávamos vendo onde toda a magia acontece. Ao lado de especialistas, acompanhamos como funciona cada máquina e como o wafer se transforma nos chips usados para memória e armazenamento.

O componente é afinado ao máximo, com uma alta vigilância para garantir que a maior parte dele será aproveitada devidamente. A fabricante envia para a ADATA um “mapa” que localiza as unidades defeituosas — o que é verificado no laboratório também para garantir a eficácia do processo.
A partir disso, cada chip é cortado em moldes próprios e a máquina os separa para a inserção em outras etapas. Ele pode seguir isoladamente para alguns produtos, empilhado em outros para trazer um alto desempenho e atua de formas distintas em cada proposta que for aplicado.
Na ADATA, vimos como eles são empilhados e o processo é extremamente surreal. Você pode entrar lá sabendo como é, imaginando o quanto são projetadas espessuras finas e tudo mais, porém enxergar isso pessoalmente é uma realidade fora do comum.
Cada conexão de ouro 24K — que possui pureza de 99,9% — é mais fina do que um fio de cabelo e as máquinas fazem tudo com uma precisão ímpar. Eles são interconectados em pontos estratégicos tão minúsculos que até com a lupa de alta resolução mostra que isso seria um grande desafio.

A partir deste ponto, os chips produzidos pela ADATA partem para a etapa final de encapsulamento. É nela que eles são “fechados”, é impresso o nome da companhia nos componentes e partem para a etapa de testes.
Alto nível de testagem
Com o fim do tour pela etapa de encapsulamento, fomos guiados para onde são realizados os testes dos produtos. Felizmente, sem a necessidade de utilizar todo o traje de segurança e apenas com a utilização de poucos EPIs.
Para ter uma ideia, ali são executadas as verificações de durabilidade de uso, temperatura e diversos outros estágios que garantem a utilização das memórias a longo prazo.
Uma das máquinas executa um teste de estresse por 9 horas seguidas, que representa a garantia de que cada componente suportará o uso cotidiano dentro de sua vida útil. Outra testa seus limites de temperatura, de frio extremo a calor de até 120ºC.
Todos estes processos garantem que as memórias da ADATA chegarão ao público com a garantia de que funcionarão — mesmo em situações adversas (ainda que não sejam recomendadas, vale lembrar).

Visão para o futuro da ADATA
Em conversa com o presidente da companhia, Paulo Júnior, e com os executivos Nivaldo Gagliardo, Felipe Masselli e Thiago Tieri, foi compartilhado alguns dos planos que eles fazem para 2025 e para os próximos anos.
Segundo o vice-presidente de vendas e marketing, Felipe Masselli, há negociações para que os produtos fabricados pela ADATA no Brasil passem a ser exportados para outros países.
Eles têm visto o aumento de marketshare em SSDs e volume de memória desde o ano de 2022, o que justifica uma maior visibilidade no cenário internacional e a busca pelas soluções que produzem no local.
Ainda que eles queiram expandir suas operações, foi partilhado que há um grande desafio para encontrar profissionais dentro da área de semicondutores — o que impede um crescimento mais expressivo.
No Brasil, além de atuarem no mercado de PCs, notebooks e dispositivos móveis, a ADATA também passou a negociar sua entrada em setores como o automotivo. O próximo passo é fornecer para a indústria automobilística.
Também foi debatido a recente conquista da ADATA, que receberá um investimento de mais de R$ 400 milhões para pesquisa e desenvolvimento. O montante será visto no período de 5 anos e é 220% maior do que o recebido desde o início de suas atividades no país.
Eles revelam que o dinheiro será usado para capacitação de profissionais, melhorias de processo e que também servirá para investir em universidades, startups e outras companhias de tecnologia. A companhia também busca aumentar sua volumetria, o que pode expandir sua presença no mercado.





Por fim, a visita na ADATA mostra a forte presença da marca global no mercado brasileiro. Com tecnologia de ponta, alto investimento e uma produção forte, a intenção é usar as asas do beija-flor que estampa o logotipo para voar ainda mais alto. E isso está bem perto de se tornar realidade.
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