Programador pega quatro anos de cadeia por travar rede da antiga empresa

Tecnologia
Resumo
  • O programador Davis Lu foi condenado a quatro anos de prisão por sabotar a rede da antiga empresa.
  • Ele inseriu códigos maliciosos e um kill switch que bloqueou o acesso de funcionários após sua saída.
  • A defesa contesta o valor dos prejuízos e pretende recorrer, alegando perdas abaixo de US$ 5.000.

A Justiça dos Estados Unidos condenou um programador a quatro anos de prisão por sabotar a rede de computadores da empresa em que trabalhava. Davis Lu, de 55 anos, implantou um código malicioso, incluindo um kill switch, que travou os sistemas da companhia e causou prejuízos de centenas de milhares de dólares.

Segundo o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ), a ação de Lu foi uma retaliação após ele ter sido rebaixado de cargo na empresa, uma multinacional de gerenciamento de energia sediada em Ohio, onde trabalhou de 2007 a 2019. O programador foi considerado culpado em março por um júri e agora recebeu a sentença.

O que diz a acusação?

De acordo com as evidências apresentadas no julgamento, a sabotagem começou após uma reestruturação corporativa em 2018, que reduziu as responsabilidades e o acesso de Lu aos sistemas. Em retaliação, ele começou a inserir códigos maliciosos no ambiente de produção da empresa.

A investigação do FBI revelou também que Lu implementou diversas formas de ataque, como a criação de loops infinitos em Java para esgotar os recursos dos servidores e a exclusão de perfis de colegas de trabalho.

A peça central do ataque, entretanto, foi um kill switch, mecanismo programado para disparar automaticamente caso a empresa desativasse a conta de usuário de Lu, algo que normalmente acontece em situações de demissão. O engenheiro chegou a batizar o dispositivo com uma provocação: IsDLEnabledinAD, abreviação para “Davis Lu está habilitado no Active Directory?”, em português.

Em 9 de setembro de 2019, quando Lu foi colocado de licença e sua conta desativada, o kill switch disparou e bloqueou o acesso de milhares de funcionários da empresa em todo o mundo. Além disso, no mesmo dia em que foi instruído a devolver o notebook corporativo, ele apagou dados criptografados do dispositivo.

“O réu violou a confiança de seu empregador usando seu acesso e conhecimento técnico para sabotar as redes da empresa, causando estragos e centenas de milhares de dólares em perdas”, afirmou Matthew R. Galeotti, procurador-geral assistente interino da Divisão Criminal do Departamento de Justiça.

Defesa alega perdas menores

A defesa de Davis Lu se manifestou em março, após o veredito do júri. Segundo o jornal local Cleveland, os advogados contestaram o valor do prejuízo alegado pela acusação, argumentando que o custo para a empresa foi inferior a US$ 5.000, e não centenas de milhares de dólares. Entretanto, não há contraponto ao resto da história.

Na ocasião, o advogado de Lu, Ian Friedman, declarou que, embora desapontados, respeitavam o veredito. “Davis e seus apoiadores acreditam em sua inocência e este assunto será revisto em segunda instância”, afirmou Friedman, confirmando que irão apelar da decisão.

A defesa ainda não se posicionou sobre a sentença de quatro anos de prisão. Além da pena de reclusão, Lu cumprirá três anos de liberdade supervisionada.

Com informações de Bleeping Computer e Departamento de Justiça dos EUA

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