
Resumo
- O governo do Reino Unido pressiona Apple e Google para implementar filtros automáticos de nudez em iPhones e Androids.
- A proposta visa impedir a exposição precoce de crianças à pornografia e proteger contra aliciamento online.
- A medida, contudo, enfrenta resistência devido a preocupações com privacidade e eficácia técnica.
O governo do Reino Unido articula uma nova estratégia para incentivar Apple e Google a adotarem algoritmos de detecção de nudez no iOS e Android. A proposta é bloquear imagens explícitas por padrão, exigindo que os usuários comprovem a maioridade para acessar ou compartilhar esse tipo de conteúdo.
As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (15/12) pelo Financial Times. De acordo com o jornal, o objetivo central é impedir que crianças e adolescentes sejam expostos à pornografia precocemente ou se tornem vítimas de aliciamento online por adultos.
A reportagem explica que as autoridades britânicas consideraram transformar esses controles em um requisito obrigatório para todos os aparelhos vendidos no país. A medida mira inicialmente smartphones, mas há planos para estendê-la também a computadores.
Como funcionaria a verificação e o bloqueio?

A proposta sugere que os sistemas identifiquem, por meio de inteligência artificial, a presença de nudez em fotos e vídeos. Caso o conteúdo seja detectado, ele seria automaticamente ocultado. Para visualizar ou enviar tais arquivos, o usuário precisaria realizar uma verificação de idade.
Essa validação seria feita por dados biométricos ou envio de documentos de identidade oficiais. A medida criaria uma barreira digital na qual somente adultos verificados teriam a liberdade de desativar os filtros de conteúdo.
Além disso, a proposta inclui uma cláusula específica para criminosos sexuais condenados por crimes contra crianças: para este grupo, os bloqueadores de conteúdo ficariam permanentemente ativados, sem opção de desligamento.
A ministra da proteção à infância do Reino Unido, Jess Phillips, citou como exemplo positivo a tecnologia HarmBlock, desenvolvida pela empresa britânica SafeToNet e utilizada em dispositivos da HMD Global. Esse software detecta e bloqueia automaticamente imagens explícitas e seria o modelo para o que o governo espera ver implementado pelas gigantes do Vale do Silício.
Medida enfrenta resistência
Embora Apple e Google já ofereçam ferramentas de controle parental, o governo britânico avalia que as soluções atuais são insuficientes. A Apple possui o recurso Segurança de Comunicação, que alerta sobre nudez no iMessage, AirDrop e FaceTime, mas afirma que adolescentes podem ignorar o aviso e visualizar a imagem. O Google, por outro lado, já oferece o Family Link e avisos de conteúdo sensível.
A principal lacuna identificada é que os bloqueios atuais não se estendem a aplicativos de terceiros. Plataformas de mensagens populares, como WhatsApp e Telegram, muitas vezes operam fora do alcance das ferramentas nativas de controle parental. A nova proposta busca um bloqueio na “raiz” do sistema, que funcionaria independentemente do aplicativo utilizado.
A medida, contudo, enfrenta resistência. Grupos de defesa das liberdades civis e privacidade argumentam que a varredura de conteúdo nos dispositivos dos usuários pode criar precedentes perigosos para a vigilância em massa. Há também dúvidas sobre a eficácia técnica da verificação de idade. Muitos usuários podem tentar contornar as restrições utilizando redes privadas virtuais (VPNs) ou fotos falsas, por exemplo.
O movimento britânico segue uma tendência global de regulação, semelhante às políticas recentes da Austrália. No entanto, o Reino Unido optou por não seguir a proibição de uso de redes sociais para menores de 16 anos, preferindo focar na filtragem de conteúdo.
Reino Unido quer nudez bloqueada por padrão em iPhones e Android

