Review Honda Civic Type R: esportivo raiz e visceral

Tecnologia

Um dos muitos pontos positivos de testar carros e produzir reviews em nome do CT Auto é ter licença poética para utilizar adjetivos que, em reportagens noticiosas, ou puramente informativas, não fazem muito sentido. Quando o objeto sob análise é o Honda Civic Type R, porém, exagerar é quase uma obrigação.

Após passar alguns dias de posse do apimentado hatch da marca japonesa, tornou-se uma missão quase impossível não abusar de termos como “fantástico”, “impressionante” ou, simplesmente, “visceral”

Se você acha exagero, deixo aqui um convite: acelere, ao menos uma vez, o Type R 2025 e, depois, volte aqui para continuarmos nossa conversa. Se você não tiver se tornado o centro das atenções por onde passou, com direito a pescoços virados e câmeras de celulares apontadas para o carro que estava dirigindo, reconhecerei que exagerei.


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Lançado em 1997 para disputar terreno com rivais de peso, como o Volkswagen GTI, o Type R 2025 está ainda mais poderoso, e é capaz de atrair olhares por onde passa, tanto pelo visual agressivo quanto pelo ronco do motor 2.0 turbo de quatro cilindros e 297 cv de potência, movido exclusivamente a gasolina. Confira a seguir nossas impressões sobre o “apimentado” hatch da Honda.

Civic Type R é esportivo “visceral” da Honda (Imagem: Paulo Amaral/Canaltech)

Prós

  • Design único
  • Esportividade ao dirigir
  • Conjunto mecânico

Contras

  • Tração dianteira
  • Suspensão muito dura

Conectividade, tecnologia e segurança

O Honda Civic Type R não foi projetado para ser referência no que diz respeito ao combo formado por conectividade, tecnologia e segurança. Isso, no entanto, não significa que o hatch esportivo japonês deixe a desejar nesses quesitos. Muito pelo contrário.

No campo da conectividade, o Type R oferece os recursos necessários para quem precisa do smartphone espelhado na tela sem aqueles cabos poluindo o visual da cabine do esportivo (que é belíssima, como detalharemos mais abaixo).

A tecnologia, se não salta tanto aos olhos quanto a dos modernos veículos premium chineses, por exemplo, é suficientemente satisfatória para quem compra um carro com essa proposta. O pacote embarcado no esportivo é mais voltado para a condução do que para o entretenimento. Ainda bem.

Central multimídia não tem tela gigante, mas nem precisa; câmbio manual esbanja tecnologia embarcada (Imagem: Paulo Amaral/Canaltech)

O câmbio, que é manual, como um esportivo raiz exige, tem 6 velocidades, e conta com a tecnologia rev match control. Ela é responsável por sincronizar as rotações do motor nas reduzidas e aumentar, sozinha, o giro. Dessa forma, assegura que o carro mantenha o equilíbrio nas curvas.

A tecnologia também está presente nos modos de condução. São 4 no total: Individual, Comfort, Sport e +R, o mais visceral de todos. Cada um dos modos altera configurações de motor, volante, suspensão, punta tacco automático nas reduções, barulho do motor e até o layout do painel de instrumentos

E a segurança? Ela também se faz presente no Type R, já que o hatch conta com o pacote Honda Sensing. Isso significa que o esportivo oferece ACC, frenagem automática de emergência, monitor de tráfego cruzado, corretor de trajetória, alerta de permanência em faixa e ponto cego. Além disso, conta com 10 airbags, câmera de ré e assistente de partida em rampa.

Painel de instrumentos altera visual quando modo de condução +R está acionado (Imagem: Paulo Amaral/Canaltech)

“O Honda Civic Type R não tem um pacote tecnológico que “salte aos olhos”, mas entrega o que é preciso para quem ama dirigir.”

— Paulo Amaral

Como é dirigir o Honda Civic Type R?

Como foi dito na introdução desse review, é uma missão quase impossível não abusar de termos como “fantástico”, “impressionante” ou, simplesmente, “visceral”, para tentar colocar em palavras a experiência de dirigir o Honda Civic Type R. Mesmo assim, vamos tentar.

A missão se mostra difícil já na abertura da porta, que destrava automaticamente com a aproximação da chave, mesmo no bolso. Ao entrar no carro, os bancos, em tecido com tom vermelho, logo remetem o pensamento aos esportivos mais cobiçados do mundo.

Ao dar partida no motor, a sinfonia do 2.0 turbo VTEC invade a cabine na medida certa e avisa que, para começar a experiência, basta pisar na embreagem, engatar a primeira marcha e partir. E é aí que o Honda Civic Type R transforma o simples ato de dirigir em momentos mágicos e emocionantes.

Motor 2.0 turbo do Civic Type R entrega quase 300 cv de potência (Imagem: Paulo Amaral/Canaltech)

Os 297 cavalos de potência e 42,8 kgf/m de torque podem não impressionar em números puros, mas a percepção muda já na primeira acelerada, seja qual for o modo de condução escolhido. No Comfort, claro, o hatch é um pouco mais comportado, e se apresenta como um carro menos agressivo. Ao selecionar o +R, porém, a função mostra o porquê fica até em um botãozinho separado no console (e, claro, na cor vermelha).

O Honda Civic Type R se transforma por completo, e faz jus ao apelido “esportivo raiz”. O painel de instrumentos, antes tradicional, agora ostenta um visual agressivo e, por que não, provocador, como se te instigasse a cravar fundo o pé no acelerador para, assim, comprovar os números oficiais do hatch, que indicam um 0 a 100 km/h em espantosos 5,4 segundos.

Não chegamos a comprovar, na prática, se a aferição divulgada pela marca japonesa é exata, até por razões de segurança, mas a potência despejada a cada acelerada não deixou dúvidas de que os números oficiais são, sim, fiéis ao desempenho do esportivo.

Botãozinho +R, acimia do “Drive Mode”, faz a mágica acontecer (Imagem: Paulo Amaral/Canaltech)

“Grudado” na curva, mas…

Vamos falar de dirigibilidade? Nesse quesito, o Honda Civic Type R entrega exatamente o que se espera de um carro esportivo equipado com câmbio manual. Isso significa que ele tem arrancadas poderosas, retomadas de tirar o fôlego e um comportamento dinâmico digno de um carro que tem nas pistas seu habitat natural. Isso, porém, abre um dos únicos “senões” em nosso review.

Embora a tocada seja insinuante e precisa, graças às trocas de marcha milimetricamente encaixadas, o fato de ter tração dianteira, e não integral ou traseira, acaba fazendo com que a frente do carro escape um pouco, principalmente ao acelerar um pouco mais forte.

Isso, porém, não desabona a experiência. Principalmente porque nas curvas em alta, por mais fechadas que sejam, o Type R “gruda” no chão e não deixa o controle sair das mãos do motorista.

Embora tenha tração dianteira e “balance” um pouco nas aceleradas, Type R é grudado nas curvas (Imagem: Paulo Amaral/Canaltech)

E o consumo, como é? A resposta para essa pergunta, na verdade, vai depender do modo como você, motorista, irá se comportar ao volante do apimentado hatch. Se a direção for comportada, no modo Comfort, ele consegue rodar até 11,5 km/l em rodovias e, em média, 8,8 km/l na cidade.

A seleção de um modo de condução mais feroz, porém, faz o consumo desabar. Nas poucas oportunidades em que o CT Auto optou por testar o Type R com o +R ativado, as acelerações “sugaram” o combustível para uma outra dimensão, com o mostrador apontando consumo imediato de 5,2 km/l.

Design e acabamento

O Type R é o tipo do carro que impressiona qualquer pessoa, mesmo quem não tem qualquer apreço pelo mundo automotivo. E o hatch faz isso independentemente do ângulo em que você olhe pra ele. Inclusive de dentro pra fora.

Os bancos dianteiros em alcântara ostentam a cor vermelha na frente e preta na traseira, com detalhes e carpetes em vermelho. A intenção, claro, é mostrar que a esportividade está reservada ao motorista/piloto e ao passageiro do banco dianteiro, com um ar mais sóbrio para quem se senta atrás do Type R. O volante, esportivo, também trocou o coro pelo luxuoso revestimento.

O encaixe das peças é perfeito e as saídas de ar, com design diferente do tradicional, chamam a atenção.  O ponto negativo da cabine fica por conta dos ajustes dos bancos e dos controles de ajuste do volante, que são manuais, algo incompatível com um carro que custa quase meio milhão de reais

Honda Civic Type R chama a atenção tanto por fora quanto por dentro (Imagens: Paulo Amaral/Canaltech)

A visão do motorista também é agraciada com o desenho perfeito do capô, que é desenhado com vínculos marcantes e dá destaque para a enorme saída de ar, utilizada para o resfriamento do motor e demais componentes que empurram esse monstro a cada acelerada.

O design externo, aliás, é um show à parte. Entre os destaques, vale citar as rodas de 19 polegadas com desenho exclusivo, a identificação Type R em diversos pontos da carroceria, o aerofólio traseiro e, claro, a saída tripla de escapamento, que “fala” alto, independentemente do modo de condução escolhido pelo motorista.

Concorrentes

O Honda Civic Type R tem dois concorrentes de peso no mercado brasileiro em 2025: o Toyota GR Corolla, também de origem japonesa, e que chegou primeiro por aqui, e o Volkswagen Golf GTI, que desembarcou no Brasil em sua nova geração no último mês de setembro.

A briga para saber qual o melhor é acirradíssima, e a escolha do cliente, nesse momento, deve ficar em cima dos preços. O modelo da Honda, avaliado pelo CT Auto, custa em torno de R$ 430 mil

O valor é praticamente o mesmo do esportivo da Volkswagen, mas é mais acessível que o do rival japonês, que não sai por menos de RR$ 461 mil. Se o cliente quiser gastar um pouco mais, também dá para considerar o Ford Mustang GT Performance como possível rival. O muscle car custa em torno de R$ 600 mil e oferece versões com câmbio automático ou manual.

Civic Type R custa o mesmo que um Golf GTI e é mais barato que o GR Corolla (Imagem: Paulo Amaral/Canaltech)

“Preço pode ser um problema do Type R, principalmente se o cliente olhar mais pra cima e encontrar, por exemplo, o Ford Mustang GT Performance, que custa pouco mais de R$ 100 mil a mais.”

— Paulo Amaral

Honda Civic Type R: vale a pena?

Se você estiver procurando por um carro esportivo bonito, potente e tecnológico, não há dúvidas de que o Honda Civic Type R valerá cada centavo dos quase R$ 430 mil investidos nele, pois entregará, com sobras, tudo o que você está buscando.

Agora, se você tem um pouco mais para gastar, talvez prefira optar por um sexagenário muscle car como o Ford Mustang GT Performance, que também dispõe de uma versão com câmbio manual, é mais potente e tão (ou mais) tecnológico que o modelo japonês.

Ambos são esportivos excelentes e, sem, dúvida, qualquer um entregará o prazer ao dirigir que um cliente que busca por um esportivo espera. A escolha, como sempre, é sua (e do seu bolso).

Type R é um excelente esportivo, mas custa quase tanto quanto o Mustang GT (Imagem: Paulo Amaral/Canaltech)

*A unidade do Honda Civic Type R avaliada pelo CT Auto foi gentilmente cedida ao Canaltech pela Honda do Brasil.

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