
O Jaecoo 7, SUV híbrido da marca que faz parte da Omoda & Jaecoo, joint-venture pertencente ao Grupo Chery, chegou há pouco tempo no Brasil. Mesmo assim, já começou a conquistar seu espaço em um segmento cada vez mais disputado.
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Embora seja menos badalado que seus principais rivais, BYD Song Plus, GWM Haval H6 e Toyota Corolla Cross, o Jaecoo 7 mostrou durante o período de testes com o CT Auto que tem credenciais para incomodar o trio.
O conjunto mecânico, que conta com a tecnologia SHS (Super Hybrid System), é um verdadeiro show em eficiência, mas não brilha sozinho. O pacote de tecnologias é bastante recheado e, embora alguns recursos sejam um pouco “estranhos”, entrega tudo o que o cliente desse nicho procura.
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Confira a seguir nossas impressões em um review completo sobre o Jaecoo 7, SUV médio chinês que chegou para bagunçar o segmento e marcar seu nome no mercado brasileiro.

Prós
- Design
- Pacote tecnológico
- Eficiência energética
- Conforto
- Acabamento interno
- Preço
Contras
- Alguns recursos são meio “confusos”
- Direção e suspensão muito “moles”
Conectividade, tecnologia e segurança
O Jaecoo 7 é extremamente tecnológico, executa diversas funções via comando de voz, mas, em alguns momentos, o SUV chinês pareceu passar um pouco do ponto. A impressão é que o dito popular “menos é mais” poderia ter sido aplicado em alguns dos recursos oferecidos pelo modelo.
Embora a conectividade dispense o uso de cabos para utilizar Android Auto e Apple CarPlay, é praticamente impossível desconectar o smartphone do Jaecoo 7 quando você simplesmente não quiser utilizar esses recursos, já que ele pareia sozinho automaticamente, mesmo quando você desabilita o Bluetooth.
Um ponto bastante positivo diz respeito à segurança e é curioso. O sistema do carro “não deixa” você começar a rodar até que o cinto de segurança esteja devidamente afivelado. Mesmo com a alavanca de câmbio no “D”, o freio de estacionamento não libera sua partida até que o cinto seja colocado.

O pacote de tecnologias do Jaecoo 7 entrega ainda bons itens de auxílio à condução, como piloto automático adaptativo, sistema de centralização em faixa, alerta de tráfego cruzado traseiro e frenagem autônoma de emergência — muito bem calibrada, ao contrário do que já testemunhamos em modelos de outras marcas.
A central multimídia de 14,8” é posicionada na vertical e tem ótima definição, assim como o painel de instrumentos, que é menor e posicionado na horizontal, como se tivesse sido “colado” no dashboard. O visual é similar ao adotado por muitas marcas chinesas, mas ainda causa certa estranheza.

A navegação da central é bastante intuitiva, mas não se pode dizer o mesmo do painel de instrumentos. Até descobrirmos que é preciso pressionar a “bolinha” que está no comando esquerdo do volante para alterar as informações mostradas foram perdidos preciosos segundos e, também, um pouquinho da paciência. No fim, deu tudo certo.
O sistema de som do Jaecoo 7 não é chinês, e sim de uma das mais conceituadas marcas japonesas do mundo: a Sony. A escolha se mostrou acertada, pois a experiência proporcionada pelos dois pares de alto-falantes é totalmente imersiva e da mais alta qualidade.

Conforto e experiência de uso
Como antecipamos na introdução desse review, o conjunto mecânico do Jaecoo 7 é a grande sacada da marca para ganhar a disputa contra os rivais chineses e, também, deixar o japonês Corolla Cross para trás. Ele é formado por um motor 1.5 turbo, de 135 cv de potência e 20,4 kgf/m de torque, que trabalha em companhia de um propulsor elétrico, de 204 cv e 31,7 kgf/m.
Juntos, os motores entregam ao motorista 339 cv de potência e 52 kgf/m de torque, números suficientemente bons para dar conta de empurrar sem dificuldades o SUV que ostenta 1.795 quilos e mede 4,50 metros de comprimento, 1,87 m de largura, 1,67 m de altura e 2.67 m de entre-eixos. A potência, porém, não seria nada sem a eficiência. E isso o Jaecoo 7 tem de sobra.
O motor térmico presente no sistema super-híbrido tem 92% de eficiência, número extraordinário no comparativo com as demais marcas. Ao trabalhar em conjunto com o propulsor elétrico, que é priorizado sempre que possível, o sistema dá ao SUV chinês uma autonomia “quase infinita” já que, segundo a marca, chega a absurdos 98,5% de eficiência elétrica.

Segundo a marca, o Jaecoo 7 pode rodar mais de 1.200 quilômetros por ciclo. Isso, claro, é possível em condições ideais, evitando ultrapassar 90 km/h em rodovias e, também, economizando nas aceleradas mais fortes ao sair com o carro após parar em semáforos ou cruzamentos, por exemplo.
Os testes realizados sob a tutela do CT Auto ignoraram tais recomendações, já que o uso “normal” de um carro é o modo mais comum entre os motoristas. E, mesmo assim, a eficiência do SUV super-híbrido surpreendeu. Rodamos pouco mais de 500 quilômetros, alternando rodovias e perímetros urbanos, e devolvemos o carro com mais da metade do tanque de combustível (que é de 60 litros). A média de consumo ficou entre 19,5 e 20 km/l.
O segredo para números tão expressivos é fácil de ser entendido: o Jaecoo 7 usa o motor térmico para recarregar as baterias constantemente. Por isso, o nível de carga dificilmente fica abaixo de 30%, especialmente em ciclo urbano. Assim, a economia não fica só no discurso, e é vista na prática. Ah… vale pontuar que a autonomia exclusivamente elétrica do SUV é de 79 km por carga, graças à bateria de 18,7 kWh.

Como anda o Jaecoo 7?
E a dirigibilidade, como é? Embora tenha no conjunto mecânico e na eficiência energética seus pontos fortes, o Jaecoo 7 poderia melhorar um pouquinho no que tange à dirigibilidade. E os acertos não seriam tão drásticos assim.
Como boa parte dos SUVs produzidos na China, o Jaecoo 7 não parece ter sido calibrado para rodar no Brasil. Isso significa, na prática, que o volante e a direção são excessivamente moles, pontos que prejudicam um pouco a condução, especialmente em curvas fechadas ou, então, ao passar por buracos.
Esse “detalhe” praticamente desaparece ao mudar o modo de condução de Comfort para Sport. Nessa configuração, os ajustes parecem mais prontos para encarar as malfadadas ruas brasileiras e o conforto à bordo aumenta, já que o balançar da carroceria também diminui.

Vale pontuar que o Jaecoo 7 tem acelerações vigorosas e excelentes retomadas, além de um bom nível de isolamento acústico na cabine, mesmo quando o motor 1.5 assume o lugar do propulsor elétrico.
Jaecoo 7 é confortável, mas há alguns “poréns”
Por falar em conforto, nesse ponto não há nada a reclamar. O Jaecoo 7 conta com materiais de primeiríssima qualidade na cabine, bancos confortáveis com comandos elétricos e muito espaço interno, além de um porta-malas generoso, de 500 litros, também com abertura elétrica.
Há, no entanto, alguns pontos que desabonaram um pouquinho a experiência e, por isso, se encaixam no que falamos mais cedo, sobre a Jaecoo precisar se lembrar de que, algumas vezes, “menos é mais”.

Isso fica claro já no momento de ligar e desligar o carro. O Jaecoo 7 não usa chave ou botão para dar a partida no motor. Isso é feito quando o motorista pisa no pedal de freio. Desligar o carro também não é nada intuitivo e, para fazê-lo, é preciso sair do SUV e travar as portas ou, então, descobrir o comando em meio a uma enorme lista de funções apresentada na tela da multimídia.
Abrir e fechar os vidros dianteiros ou traseiros também é algo curioso, já que o acionamento dos botões funciona ao contrário do que estamos acostumados. É preciso empurrar para que ele se abra e puxar para que a janela se feche. É mais fácil soltar um “olá, Jaecoo” e pedir, via comando de voz, que o carro faça isso sozinho.
O terceiro e último ponto que carece de melhorias diz respeito aos espelhos retrovisores. O ajuste dos laterais é feito somente após acessar a central multimídia e habilitar os botões presentes no volante multifuncional. O espelho central, por sua vez, tem lente côncava, o que acaba tornando bastante difícil a simples missão de checar a parte traseira do SUV.

“Jaecoo 7 é bonito, confortável e tecnológico, mas tem alguns excessos que acabam atrapalhando a experiência.”
Design e acabamento
O Jaecoo 7 foge do visual tradicional adotado pelas marcas de SUVs, chinesas ou não. E isso é muito bom, pois o distingue dos principais concorrentes do mercado, hoje quase “padronizados” no design. Linhas retilíneas e formas quadradas dão um ar imponente ao modelo.
A grade frontal com filetes verticais chama a atenção por onde passa, assim como o conjunto óptico em LED. As rodas de 19 polegadas, com design inovador, também se destacam em meio à carroceria, enquanto as lanternas traseiras até lembram a de outros carros, como o Peugeot 2008 GT, mas com algumas ressalvas, já que o formato da tampa do porta-malas e a curvatura dos dois modelos não têm semelhanças.

O acabamento interno é praticamente perfeito, o que torna difícil explicar o porquê, ao acelerar o Jaecoo 7 para sair da inércia, alguns barulhos vindos da parte traseira do carro, mais precisamente do porta-malas, mesmo vazio, rompem o silêncio da cabine.
Um melhor acerto na montagem, especialmente nos elementos da parte traseira do carro, talvez seja suficiente para zerar esse pequeno incômodo, tornando o Jaecoo 7 ainda mais agradável a bordo.


+30
Concorrentes
O Jaecoo 7 custa mais caro que o Toyota Corolla Cross Hybrid, que hoje sai em torno de R$ 194 mil, mas oferece muito mais tecnologia e eficiência energética que o modelo da marca japonesa.
Em relação ao BYD Song Plus e ao GWM Haval H6, seus outros dois principais concorrentes, a briga em termos de preços é mais equilibrada, dependendo das versões colocadas na mesa.
O Song Plus custa em torno de R$ 244,8 mil, cerca de R$ 5 mil a menos que a Prestige, topo de linha da família Jaecoo 7. A variante Luxury, por sua vez, é mais barata, e sai por R$ 229,9 mil. O GWM Haval H6, em sua versão PHEV34, supera os 280 mil.

“Por tudo o que oferece em tecnologia, design e eficiência, o Jaecoo 7 tem potencial para tomar espaço dos principais rivais e subir no ranking.”
Jaecoo 7: vale a pena?
Diante do que o Jaecoo 7 oferece em tecnologias, design e, principalmente, eficiência energética, não há dúvidas de que a escolha pelo SUV da marca pertencente ao Grupo Chery é a mais sensata diante dos principais competidores do segmento.
A marca, porém, precisa se atentar aos “pormenores” que listamos durante os testes para o CT Auto, especialmente em relação a alguns pontos meio confusos presentes no pacote tecnológico e, principalmente, à calibração da direção e suspensão.
Ao acertar esses pequenos detalhes, o Jaecoo 7 se tornará, sem dúvida, um carro capaz de dar enormes dores de cabeça aos rivais chineses e até ao Corolla Cross, que também figura entre os mais vendidos mensalmente no ranking do setor.

*A unidade do Jaecoo 7 testada para esse review do CT Auto foi gentilmente emprestada ao Canaltech pela Omoda & Jaecoo.
Leia a matéria no Canaltech.

