Review Volkswagen Tera: herdeiro do Gol é ótimo, mas peca no desempenho

Tecnologia

O Volkswagen Tera, novo SUV de entrada lançado pela marca alemã, chegou ao mercado brasileiro cercado de expectativa. Afinal, foi apontado pelos executivos como “herdeiro” da posição de ícone, antes ocupada por Fusca, Gol e tantos outros. Será mesmo que ele é merecedor de tanta confiança ou há pontos a melhorar?

Após passar alguns dias de posse da versão topo de linha do Tera, a High, equipada com o pacote Outfit The Town Edition, o CT Auto pôde desvendar, enfim, o porquê de tanta gente apostar que o SUV compacto assumirá, em breve, a liderança do ranking dos carros mais vendidos do país.

Embora não seja um modelo repleto de luxo, o Tera se destacou pelo bom conjunto mecânico e pela excelente dirigibilidade, características que são inerentes aos carros da Volkswagen. O pacote tecnológico e o acabamento, ao menos na versão topo de linha, também estão acima da média.


Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.

Há, porém, um “pecado capital”, relacionado ao desempenho, que pode pesar na hora do comparativo com rivais também equipados com motor 1.0 turbo. Confira a seguir o review completo e entenda melhor o porquê de, apesar desse “defeito” (que explicaremos logo mais), muitos apostarem que o Tera será, em breve, um campeão em vendas no Brasil.

Volkswagen Tera mostrou excelentes qualidades, mas “tropeçou” no desempenho (Imagem: Paulo Amaral/Canaltech)

 

Prós

  • Design moderno
  • Dirigibilidade
  • Pacote tecnológico
  • Consumo de combustível

Contras

  • Desempenho
  • Espaço traseiro
  • Preço

Conectividade, Tecnologia e Segurança

No campo da conectividade, tecnologia e segurança, há pouco a se falar negativamente a respeito do Volkswagen Tera — pelo menos da versão topo de linha, como a testada pelo CT Auto. Um dos únicos “senões” fica em relação à ausência de uma porta USB tradicional, ainda desejada por quem não dispensa as músicas guardadas em um bom e velho pendrive.

Para compensar, a Volkswagen disponibiliza 4 saídas USB-C espalhadas pela cabine do SUV compacto; duas para os ocupantes da parte dianteira e duas voltadas para quem estiver sentado no banco de trás (mas, para isso, precisa caber lá, como falaremos a seguir).

Central multimídia é bem intuitiva, mas ausência de portas USB sem serem “tipo C” frustrou experiência (Imagens: Paulo Amaral/Canaltech)

A central multimídia VW Play  é bastante intuitiva, tem pareamento sem fio com Android Auto e Apple CarPlay e também oferece apps instalados na própria tela, como Waze e Spotify. Apenas a imagem da câmera de ré deixa um pouco a desejar, mas nada que chegue a atrapalhar na hora das manobras.

O painel de instrumentos digital oferece variações de estilo ao toque de um botão que fica no volante e entrega ao motorista todas as principais informações de condução, como autonomia restante, consumo médio ou imediato, temperatura do óleo e muito mais.

Em termos de segurança, destaque para os recursos presentes no pacote ADAS, em especial para a correção de faixa, que atua de forma precisa e, além disso, impede que motoristas “sem educação” troquem de pista sem sinalizar corretamente com a alavanca de seta.

Painel varia o design ao toque de um botão e exibe informações essenciais ao motorista (Imagens: Paulo Amaral/Canaltech)

Conforto e Experiência de uso

A experiência de uso ao volante do Tera High Outfit pode ser analisada sob dois prismas: um é bastante positivo, mas o outro chega a ser preocupante, justamente pelo fato de o SUV ser a grande aposta da marca para se tornar o novo ícone da consagrada história da V no país.

Vamos começar, então, pelas coisas boas. O Tera High é um SUV compacto com jeitão e dimensões de hatch (4,15 m de comprimento, 1,78 m de largura, 1,50 m de altura e 2,57 m de entre-eixos). Esse ponto mostrou-se fundamental para tornar a dirigibilidade do carro um dos pontos altos.

O Tera tem respostas rápidas e precisas ao volante, é equilibrado nas curvas e mostrou um excelente ajuste na suspensão. Características que todos que já dirigiram um Volkswagen “raiz” (como o Gol), conhecem bem e são admiradores.

Tera tem respostas rápidas ao volante e muita estabilidade (Imagem: Paulo Amaral/Canaltech)

Ironicamente, o “defeito” que citamos mais acima aparece também durante a condução. O motor 170 TSI, infelizmente, parece não dar conta de tudo o que o Tera tem a oferecer ao motorista. Além do delay no acelerador, que tira a “emoção” de arrancar com um carro turbo, os 116 cv e 16,8 kgf/m de torque só empolgam quando a faixa de rotação chega perto dos 3.000 rpm.

A explicação para isso é bem simples: a Volkswagen optou por fazer do Tera um SUV eficiente e econômico. Por isso, priorizou a troca de marchas mais rápida e a rotação baixa do motor. O resultado, na prática, é visto no consumo, que nos testes do CT Auto ficou em 9,4 km/l no etanol melhor que o índice oficial do Inmetro, que é de 8,6 km/l.

A solução para acabar com a possível fama de “manco”, na verdade, também é simples: basta dar ao Tera o 1.0 200 TSI, propulsor que equipa o Nivus. Dessa forma, o SUV terá 128 cv de potência e um torque de 20,4 kgf/m, configuração que parece mais acertada à proposta e, também, ao preço da versão topo de linha do herdeiro do Gol.

Motor 1.0 170  TSI é econômico, mas peca no desempenho (Imagem: Paulo Amaral/Canaltech)

Outros ajustes

Além desse “probleminha” no desempenho, há outros dois senões a citar na experiência a bordo do Tera. O ar-condicionado causou estranheza, não pelo fato de não ser dual zone, mas por sua aparência, meio retrô, e a dificuldade de manuseio. Embora tenha comandos digitais, ele é difícil de regular, pois exige toques leves em determinados lugares da tela, tanto para o controle da temperatura quanto da intensidade da ventilação.

O espaço traseiro, por sua vez, pode ser visto como um grande problema, especialmente se os ocupantes dos bancos da frente tiverem estatura elevada. Nos testes com o CT Auto, por exemplo, não foi possível colocar um passageiro atrás do motorista por conta do ajuste necessário para conduzir o carro da forma correta. O porta-malas, por sua vez, tem um bom espaço (350 litros) para a categoria.

Cabine do Tera é aconchegante, mas não para quem se senta atrás. Nos detalhes, espaço traseiro reduzido, painel do ar-condicionado e bom porta-malas (Imagens: Paulo Amaral/Canaltech)

“O Volkswagen Tera mostrou que é um digno representante da família alemã no que diz respeito ao conjunto mecânico e à dirigibilidade, mas merecia um motor um pouquinho mais forte, como o 200 TSI, que já existe na marca.”

— Paulo Amaral

Design e Acabamento

Em relação a design e acabamento, porém, o Volkswagen Tera High Outfit é praticamente perfeito. Externamente falando, é inegável a beleza do SUV compacto, que tem linhas agressivas e modernas, em um conceito superior ao mostrado pelo “irmão” T-Cross e até pelo Nivus, com o qual até tem certas semelhanças.

O acabamento interno, pelo menos na versão topo de linha, também é excelente. A Volkswagen optou por usar o mesmo material dos bancos do Outfit em pontos do painel e das portas, criando zonas macias ao toque e, assim, evitando entregar apenas o já ultrapassado plástico duro ao cliente.

Versão topo de linha do Tera tem lindo design, ótimo acabamento e encaixe das peças (Imagens: Paulo Amaral/Canaltech)

O nível de encaixe das peças também é muito bom, assim como a interação com a central multimídia. As luzes na cor branca, que percorrem parte do painel, dão um charme especial ao Tera High e também se mostraram uma bola dentro da Volkswagen.

 

“Em termos de design e acabamento interno, o Volkswagen Tera High Outfit foge do padrão que nos acostumamos a ver nos carros da marca. E isso é uma ótima notícia para quem apostar no SUV compacto.”

— Paulo Amaral

Concorrentes

Os principais concorrentes do Tera no mercado são o Fiat Pulse e o Renault Kardian, mas alguns outros modelos também podem ser apontados como rivais em potencial, como o Citroën Basalt e o Nissan Kicks Play.

Em relação ao Pulse, a desvantagem do Tera fica no fato de o portfólio não contar com nenhuma versão eletrificada, enquanto o SUV da marca italiana já tem duas variantes com essa opção na linha: Audace Hybrid e Impetus Hybrid.

O Renault Kardian mostrou ter um melhor acerto no quesito desempenho, graças ao motor 1.0 de 125 cv. O preço do SUV compacto francês, em sua versão topo de linha, se equivale ao do Tera High.

A vantagem do Tera, portanto, fica em cima do Basalt e do Kicks Play, tanto na dirigibilidade quanto no desempenho. No caso do duelo contra o modelo japonês, também pende para o SUV da Volkswagen o fato de o projeto ser mais moderno e agressivo.

Volkswagen Tera Hight Outfit The Town: vale a pena?

Depois de analisar minuciosamente o Tera High Outfit na versão The Town Edition, chegou a hora de responder se vale a pena ou não pagar quase R$ 150 mil pelo novo candidato a ícone da Volkswagen.

A verdade é que o preço de R$ 146.990,00, anunciado pela marca em seu site oficial em agosto de 2025, pode ser considerado um pouco salgado, principalmente no comparativo com os principais concorrentes que listamos aqui.

Por esse valor já é possível comprar modelos com motorização híbrida de marcas rivais, e não necessariamente das chinesas, que de vez em quando oferecem carros de categorias diferentes por valores abaixo da tabela.

Vale a pena comprar o Tera? SUV compacto tem potencial, mas poderia entregar mais (Imagem: Paulo Amaral/Canaltech)

O Tera tem, sim, bastante potencial para se tornar o carro mais vendido do Brasil e trilhar o caminho de ícones como o Fusca e o Gol, mas, para isso, deverá contar muito com as versões mais simples e, também, mais acessíveis disponíveis no mercado

Além da High Outfit The Town Edition, o SUV é vendido em outras três configurações: MPI (aspirada, com câmbio manual), TSI (turbo, com câmbio manual) e Comfort (mesmo conjunto da Outfit, mas com menos acessórios). Os preços partem de R$ 105.890,00, cerca de R$ 4 mil a mais que um Basalt 1.0 aspirado.

* A unidade do Volkswagen Tera utilizada para esse review foi gentilmente cedida ao CT Auto pela Volkswagen do Brasil.

Leia a matéria no Canaltech.