A ascensão da inteligência artificial (IA) e as novas dinâmicas tecnológicas estão forçando uma reavaliação da educação e do mercado de trabalho. Para o professor Carlos Nazareth, diretor do Instituto Nacional de Telecomunicações – Inatel, a formação e a qualificação são a chave para o Brasil superar o que ele chama de “analfabetismo digital”.
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Em entrevista ao Canaltech durante o HackTown 2025, evento que ocorreu em Santa Rita do Sapucaí (MG) entre os dias 8 e 11 de agosto, Nazareth ressaltou a necessidade de uma capacitação que vá além da teoria, formando profissionais que atuem na resolução de problemas reais desde cedo. Para ele, o desafio é preparar uma geração capaz de entender a IA de hoje, já que as tecnologias atuais, apesar de avançadas, têm limitações.
“A inteligência artificial vai ajudar bastante na questão da formação, mas a gente tem que levar em consideração que ela tem uma certa limitação. Ela muitas vezes te ajuda a desenvolver uma sequência, uma rotina de software, mas não necessariamente aquele desenvolvimento é o mais otimizado possível”, afirmou.
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Para o diretor, a solução está em uma formação prática e crítica, com um diálogo mais intenso entre instituições de ensino e empresas. O objetivo é criar uma geração de profissionais que não apenas saiba usar a tecnologia atual, mas que também seja capaz de liderar a criação de novas soluções. Ele destacou que um curso de engenharia, por exemplo, continua sendo uma base sólida para quem deseja liderar as operações futuras, usando a IA como ferramenta para otimizar resultados.
“O lema da nossa instituição é formar alunos que, ao se graduarem, já tenham a experiência suficiente para contribuir com as empresas, com as corporações e até mesmo criar as suas próprias empresas em função de um conhecimento aplicado para o desenvolvimento de soluções”, explicou Nazareth, destacando o foco em projetos reais.

Déficit de profissionais e a visão para o futuro
A crítica de Nazareth também se estende à baixa adesão de jovens brasileiros às carreiras de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, sigla em inglês). Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas 6% dos estudantes optam por essas áreas, em comparação com 32% na Ásia e 22% na Europa. Para o diretor, essa carência de profissionais qualificados não é capaz de suprir as necessidades futuras do país.
Esse cenário é um alerta para o mercado. O Relatório de Perspectivas do Mercado de Trabalho do Macrossetor TIC, da Brasscom, evidencia que o setor tecnológico pode gerar até 147 mil novos empregos em 2025, mas enfrenta um déficit de cerca de 30% entre vagas e profissionais formados.
Artigos recentes, como os do Crypto ID, reforçam que esse déficit de talentos é amplo e afeta até setores essenciais, como o de data centers. Segundo o Insper e o IBRE-FGV, a carência de profissionais de TI no Brasil pode ultrapassar meio milhão até 2025, ampliando o alerta para as consequências econômicas e de inovação.
Nazareth reforça que a busca por atalhos, como cursos mais curtos, não é o caminho ideal. Em vez disso, ele defende a formação sólida e prática que permita aos alunos atuarem no mercado de trabalho ainda durante a graduação.
A principal lição, segundo o diretor, é capacitar uma nova geração de profissionais com visão crítica para usar a IA como uma ferramenta poderosa e, principalmente, a habilidade para entender os novos modelos neurais que moldarão as futuras gerações de tecnologia.
“É desafiador você fazer parte de um conjunto de profissionais que entenda a inteligência artificial de hoje, mas que entenda também a inteligência artificial dos próximos 20 anos”, concluiu o diretor do Inatel, reforçando a importância de um olhar de longo prazo na formação profissional.
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