
Resumo
- Rio de Janeiro será a primeira cidade a receber a tecnologia de internet por feixes de luz do Projeto Taara, da Alphabet (controladora do Google).
- A tecnologia transmite dados por feixes de luz no ar, atingindo até 20 Gb/s em distâncias de até 20 km, ideal para áreas com topografia complexa.
- Serão 22 links ópticos sem fio conectando serviços públicos de alta prioridade, como escolas e hospitais.
O Rio de Janeiro será a primeira cidade do Brasil a receber a tecnologia de internet por feixes de luz do Projeto Taara, uma empresa de inovação da Alphabet (controladora do Google). A companhia anunciou a parceria com a Prefeitura do Rio nessa segunda-feira (03/11).
O projeto implantará 22 links ópticos sem fio pela cidade, criando a primeira rede mesh da Taara no mundo. O objetivo é levar conexão de alta velocidade a áreas de topografia complexa, onde a instalação de fibra óptica tradicional seria demorada, cara ou inviável.
A implantação deve conectar serviços públicos de alta prioridade, como hospitais, escolas municipais e clínicas de saúde.
Uma fibra óptica sem cabos
A tecnologia do Taara funciona de forma semelhante à fibra óptica tradicional, usando luz para transmitir dados, mas faz isso pelo ar.
Feixes de luz invisíveis e estreitos são disparados entre dois terminais (que se assemelham a pequenos semáforos) e podem atingir velocidades de até 20 Gb/s a uma distância de até 20 km, desde que haja linha de visada — ou seja, sem obstáculos entre os pontos.

No Rio de Janeiro, a empresa destaca que a geografia da cidade, com morros, ruas estreitas e construções densas, torna a tecnologia ideal para superar as “lacunas de conectividade”. Isso porque uma das vantagens é a possibilidade de instalação em telhados ou torres, sem depender de obras complexas de infraestrutura.
A companhia já implementou o Taara em mais de 20 países, em comunidades na Índia, regiões da África e para restabelecer a comunicação em ilhas no Pacífico após desastres naturais. Nos Estados Unidos, a empresa fechou parceria com operadoras para conexão 5G em eventos como o Coachella.
A capital fluminense também usará alguns links para criar um sistema de resposta rápida a desastres na cidade. A empresa não informou o valor do investimento no projeto.
Sequência do Projeto Loon

O Taara é um projeto incubado por oito anos no laboratório X (antigo Google X, e não a companhia de Elon Musk), que se tornou uma empresa independente em março deste ano.
A tecnologia segue o legado do extinto Projeto Loon, que tentava levar internet ao mundo usando balões estratosféricos. Inclusive, a empresa desenvolveu a tecnologia de comunicação óptica para que os balões conversassem entre si. Entretanto, quando o Google desistiu dos balões em 2021, a equipe de transmissão de dados continuou, formando o Taara.
A tecnologia é rápida, mas possui seus poréns. Os links precisam de linha de visada e, como dependem de luz, obstáculos físicos, como pássaros voando na frente do feixe, podem atrapalhar a conexão. Além disso, segundo reportagem da revista Wired, assim como tecnologias via satélite, o clima pode causar interferência, especialmente a névoa.

