Os robôs humanoides estão cada vez mais presentes em demonstrações tecnológicas e vídeos virais, mas por trás da aparência sofisticada, há um problema fundamental que impede essas máquinas de realmente se compararem aos seres humanos: uma falha estrutural no design.
Enquanto o corpo humano combina articulações flexíveis, tendões elásticos e músculos capazes de se adaptar naturalmente, o corpo do robô é composto por peças metálicas rígidas e motores com liberdade de movimento limitada.
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Em artigo do The Conversation, Hamed Rajabi, Diretor do Grupo de Pesquisa em Inteligência Mecânica da London South Bank University, reflete que grande parte dos robôs humanoides segue um modelo de controle centralizado, em que o software atua como um “cérebro” que calcula e comanda cada pequeno movimento. Isso gera uma dependência enorme de processamento e energia.
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Esse contraste explica a ineficiência energética das máquinas atuais. O Tesla Optimus, por exemplo, precisa de aproximadamente 500 watts por segundo para caminhar em linha reta. Já um ser humano, em uma caminhada rápida e mais exigente, consome apenas cerca de 310 watts por segundo. A diferença revela como os robôs ainda são 45% menos eficientes em tarefas básicas.
O que os vídeos não mostram
Na visão do especialista, quando a Tesla mostra seu robô dobrando uma camiseta, a cena parece natural. No entanto, o que ocorre é uma dependência quase absoluta de visão computacional e inteligência artificial, já que as mãos do robô não possuem sensibilidade suficiente para lidar com tecidos deformados ou superfícies irregulares. Basta que a camiseta esteja amassada sobre a cama para que a tarefa se torne inviável.
De acordo com Rajabi, a solução está na chamada inteligência mecânica, que busca integrar no corpo do robô a capacidade de se adaptar fisicamente, sem depender exclusivamente do software. Trata-se de aplicar aos robôs princípios que a natureza desenvolveu ao longo de milhões de anos.
Um exemplo mencionado pelo artigo é o dos tendões de animais velozes, como a lebre, que funcionam como molas naturais. Eles absorvem o impacto do solo e devolvem energia ao movimento sem necessidade de esforço muscular adicional. O mesmo acontece com a pele e os dedos humanos, que ajustam automaticamente a pressão e a umidade para segurar objetos de diferentes formas e texturas.
Um futuro de síntese entre corpo e mente
A conclusão é que os robôs humanoides não precisam abandonar seu formato atual, mas devem ser repensados para incluir articulações híbridas, estruturas flexíveis e superfícies sensíveis. Assim, seu corpo poderá assumir parte da “inteligência” hoje concentrada no software, permitindo movimentos mais naturais e eficientes.
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