Rodrigo Santoro e equipe falam sobre “redescobrir a vida” em O Último Azul

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Um novo lançamento nacional vem aí para agitar as salas de cinema do país: O Último Azul, filme do diretor Gabriel Mascaro (Divino Amor) vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim 2025 e que tem estreia marcada para o dia 28 de agosto nas telonas, com Denise Weinberg (A Metade de Nós) e Rodrigo Santoro (Bom Dia, Verônica) no elenco.

Selecionado pela Academia Brasileira de Cinema para a lista de possíveis candidatos para representar o Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2026, O Último Azul aposta na ficção científica para explorar uma realidade distópica no país a partir da seguinte premissa: e se todos os idosos fossem obrigados pelo governo a partirem para uma colônia habitacional compulsória, sem chance de escolha?

Sob comando do diretor Gabriel Mascaro, o longa acompanha a história de Tereza (Denise Weinberg), uma idosa de 77 anos que se vê exatamente na mesma situação descrita acima. Vivendo em uma pequena cidade da Amazônia, ela é forçada a sair do emprego por estar com os dias contados para se mudar para a colônia. Tudo com uma passagem só de ida.


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Mas Tereza quer mais, então ela decide realizar um grande sonho antes que a imposição governamental a leve para o local misterioso à força. É a partir disso, então, que a verdadeira história começa.

Filme faz reflexão sobre etarismo e exclusão de pessoas idosas na sociedade

“Envelhecer com arte e com sabedoria é um privilégio”, é o que disse Denise Weinberg em entrevista exclusiva ao Canaltech. Aos 69 anos de idade, Weinberg assumiu a missão de protagonizar O Último Azul em um trama que faz uma reflexão sobre o etarismo e a exclusão de pessoas idosas da sociedade.

Embora tenha uma ambientação distópica que mais parece ter saído de um “delírio amazônico”, como descreveu o diretor Gabriel Mascaro ao Canaltech, O Último Azul é mais real do que a distopia e os toques de realismo mágico do enredo deixam transparecer.

Em O Último Azul, Denise Weinberg vive Tereza, uma mulher idosa que redescobre a vida (Imagem: Divulgação/Vitrine Filmes).

Isso porque é através dos olhos de Tereza que embarcamos em uma jornada intensa pelo verde da Amazônia, conhecendo personagens misteriosos, como o Cadu de Rodrigo Santoro, bichos raros e desafios que cruzam o caminho da protagonista, enquanto ela luta para concretizar seu novo propósito na vida.

Para Denise Weinberg, o foco de seu trabalho foi justamente mostrar a força de uma mulher idosa que se recusa a ver a idade como o ponto final de sua vida, valorizando-a por quem ela é. A atriz também falou sobre a importância de colocar uma personagem como Tereza no centro da discussão, principalmente em uma sociedade que só vê valor na juventude.

“É muito difícil falar sobre uma idosa, um corpo idoso, porque a sociedade gosta de ver coisas mais jovens. Mas eu acho que é um tema que a gente tem que prestar muita atenção. É um tema muito delicado e que a gente precisa falar sobre isso, falar sobre esse assunto”, Denise Weinberg explica ao Canaltech sobre a relevância de discutir o envelhecimento na frente das telas.

Essa ideia é compartilhada pelo diretor Gabriel Mascaro, que afirmou ter sido “muito especial” contar a história de Tereza, “uma personagem em busca de um sonho e um desejo que, de maneira muito original, mostra que nunca é tarde para redescobrir a vida”.

Filme mostra potência do cinema nacional

Para além das discussões envolvendo a relação dos seres humanos com o envelhecimento e a busca por um sentido na vida na terceira idade, O Último Azul aproveita “uma história que fala sobre todos nós”, nas palavras de Rodrigo Santoro, para mostrar a potência do cinema nacional, que vem ganhando um baita destaque, tanto no exterior quanto dentro do nosso próprio país, desde que Ainda Estou Aqui (2024) fez história no Oscar 2025 ao levar para casa a estatueta de Melhor Filme Internacional.

Diante desse novo olhar para o cinema brasileiro, a notícia de que O Último Azul havia ganhado o Urso de Prata, segundo prêmio mais importante do Festival de Berlim, em fevereiro deste ano, ajudou a reacender o interesse do público nacional em relação ao cinema feito no nosso país, uma indústria que segue resistindo mesmo diante de tantas adversidades no cenário atual.

Vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim, O Último Azul se destaca no exterior mostrando força do cinema brasileiro (Imagem: Divulgação/Vitrine Filmes).

Agora, há ainda mais motivo para celebrar: conforme divulgado pela Academia Brasileira de Cinema, O Último Azul entrou para seleção de longas elegíveis para concorrer a uma vaga de representante do Brasil no Oscar 2026 na categoria de Melhor Filme Internacional.

A produção entrou na lista inicial de 16 filmes, que também conta com O Agente Secreto, aguardado longa de Kleber Mendonça Filho (Bacurau) que participou do Festival de Cannes 2025; Homem com H, a cinebiografia de Ney Matogrosso; Oeste Outra Vez, neo-western com Babu Santana (Tim Maia); e Os Enforcados, de Fernando Coimbra (O Lobo Atrás da Porta), apenas para citar alguns.

Falando ao Canaltech sobre o significado desse reconhecimento para O Último Azul, o diretor Gabriel Mascaro declarou que é “uma alegria muito grande poder ajudar a criar mais um capítulo alegre para a nossa indústria brasileira”. Ele também frisou que “espera que as pessoas se conectem com o filme”, já que a equipe fez tudo “de coração aberto, mostrando o nosso olhar e a nossa poesia”.

Essa celebração é compartilhada pelo ator Rodrigo Santoro, que faz uma participação bastante especial no filme interpretando um personagem que serve como ponte para Tereza embarcar em sua jornada de autodescoberta.

O astro relembrou a comoção que o país viveu com a consagração de Ainda Estou Aqui no Oscar 2025, falando sobre como se emocionou ao ver o público brasileiro indo às salas de cinema em peso para prestigiar uma produção nacional.

“Para mim, o mais interessante é o que aconteceu ali com Ainda Estou Aqui, que foi todo mundo para o cinema. O brasileiro indo ao cinema. Então, isso mexe muito comigo e mexe com todos nós, porque é a gente que faz os filmes, a gente que está contando as nossas histórias”, Rodrigo Santoro contou ao Canaltech em entrevista exclusiva.

Santoro ainda reforçou que acredita que O Último Azul vem chamando bastante atenção do público e dos críticos, para além do mérito do conjunto da obra, justamente por carregar uma premissa tão “universal”, algo que acaba dialogando com “qualquer pessoa no planeta Terra” por mostrar como nós lidamos com o envelhecimento.

Rodrigo Santoro vive Cadu em O Último Azul (Imagem: Divulgação/Vitrine Filmes).

Diante desse cenário, a mensagem que fica é que O Último Azul é mais uma página emocionante e bonita desse grande livro chamado “cinema brasileiro”, uma indústria que resiste e segue evoluindo para além das consagrações internacionais. “Venham para o cinema, venham prestigiar o cinema brasileiro”, afirma Santoro com um pedido simples, mas que significa muito por mostrar como o nosso cinema está mais vivo do que nunca.

O Último Azul estreia no dia 28 de agosto nos cinemas brasileiros.

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