StartSe AI Festival | Brasil mira a soberania em IA com foco cultural e regional

Tecnologia

Em um contexto em que cada vez mais empresas estrangeiras desenvolvem ferramentas focadas em inteligência artificial (IA), companhias brasileiras apostam em sistemas voltados à sua cultura e à cultura da América do Sul. O objetivo? Construir a soberania tecnológica em relação a essa tecnologia emergente.

A Widelabs é uma das empresas brasileiras que desenvolvem ferramentas com o objetivo de fortalecer a independência tecnológica não só do país, mas também da região como um todo.

Em conversa exclusiva com o Canaltech nesta quarta-feira (15), durante o StartSe AI Festival, Nelson Leoni, CEO da companhia, destaca que a IA estará cada vez mais presente na vida das pessoas. Diante disso, faz-se necessário investir em tecnologias adaptadas ao contexto cultural do país.


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“Não estamos falando apenas de tecnologia, mas de marcar posição sobre uma tecnologia que fala da gente. A IA precisa falar sobre a nossa cultura, nossa história e nossa língua sob nosso ponto de vista, e não sob a ótica de outros países”, ressaltou o executivo.

Nelson Leoni, CEO da Widelabs
Nelson Leoni, CEO da Widelabs, afirma que ferramentas de IA devem se adaptar ao contexto de cada país (Divulgação/Widelabs)

Amazônia IA e a soberania digital

O maior destaque da Widelabs é a Amazônia IA, primeiro modelo de linguagem de grande porte (LLM) conversacional em português brasileiro, desenvolvido em parceria com a Oracle e a NVIDIA.

Leoni ressalta que a criação e o desenvolvimento dessa IA brasileira é crucial para a soberania digital do país, pois oferece controle total sobre todo o sistema utilizado.

“Ter independência tecnológica de uma IA significa não depender de nenhum outro país, nem de contextos políticos ou crises internacionais, garantindo que tudo seja processado dentro do Brasil, seguindo nossas regulações. Isso dá autonomia real, porque passamos a controlar o botão de quem liga e desliga a tecnologia”, afirma o CEO da Widelabs.

O executivo acrescenta que ferramentas como a Amazônia IA permitem que a tecnologia gere impacto social de acordo com a realidade brasileira, personalizando os sistemas segundo o contexto do país.

Leoni destacou ainda o grande potencial do Brasil para gerar energia limpa e renovável em larga escala, o espaço disponível para construir infraestrutura e o capital intelectual do país como trunfos para alavancar ainda mais a independência tecnológica nacional.

Amazônia IA
Amazônia IA é passo importante rumo a soberania brasileira em IA (Bruno De Blasi/Canaltech)

PatagonIA e a integração latino-americana

O capital tecnológico do Brasil também pode posicionar o país como referência em IA na América do Sul. Nesse sentido, a Widelabs lançou a PatagonIA, IA chilena desenvolvida em conjunto com o Instituto de Sistemas Complexos de Engenharia do Chile (ISCI).

Nelson Leoni pontua que a criação da PatagonIA reflete o entendimento de que a tecnologia produzida no Brasil é de ponta, especialmente em termos de inovação.

Além disso, ele afirma que o sistema deve fomentar a soberania chilena em IA, adaptando-se à cultura local, assim como a Amazônia IA tem como foco a sociedade brasileira.

“O ISCI nos passou dados e informações e, a partir disso, treinamos o PatagonIA para ser o modelo soberano chileno. Isso coloca o Brasil como país disposto a transferir suas tecnologias para a independência digital de países da nossa região”, enfatiza o executivo.

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