O uso de inteligência artificial em contextos não convencionais vem chamando atenção. Entre as tendências recentes, está o movimento de influenciadores digitais que apresentam chatbots como ferramentas para reflexões existenciais, prática que passou a ser chamada de tecnoespiritualidade. O matemático e escritor americano Robert Edward Grant desenvolveu um chatbot de inteligência artificial personalizado, chamado The Architect. O sistema foi construído a partir de um modelo já existente e alimentado com textos e publicações do próprio autor, com a proposta de ser uma espécie de “guru virtual” para seus seguidores.
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Segundo Grant, a ferramenta teria a capacidade de responder a perguntas complexas e existenciais. Ele a divulgou em suas redes sociais como uma plataforma capaz de organizar reflexões pessoais e fornecer interpretações consideradas profundas por seus seguidores.
Bloqueio temporário pela OpenAI
O The Architect chamou atenção logo após o lançamento. Poucas semanas depois, a OpenAI, empresa responsável pelo modelo base utilizado por Grant, desativou temporariamente o chatbot. A empresa informou que a suspensão estava ligada a possíveis violações de uso. O sistema, no entanto, foi restabelecido no dia seguinte.
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Em pouco tempo, a ferramenta alcançou milhões de acessos. De acordo com registros divulgados pelo próprio Grant, o The Architect teria recebido centenas de milhares de interações diárias, com sessões que duravam em média mais de 30 minutos.
Embora o The Architect seja apresentado como uma ferramenta de reflexão, especialistas alertam para os riscos de dependência e confusão entre tecnologia e crença. O debate levanta questões sobre a responsabilidade de quem cria e promove sistemas desse tipo.
Inteligência artificial x consciência
Outro ponto de atenção para os limites desse uso, por parte dos especialistas, é que a inteligência artificial não possui consciência ou entendimento real; o que ocorre é uma combinação de respostas estatísticas com a predisposição humana de interpretar significados.
Essa tendência, segundo especialistas, pode criar ilusões de profundidade. Em alguns casos, usuários passam a atribuir características humanas ou até sobrenaturais às respostas, fenômeno já observado em outros contextos de pensamento simbólico ou conspiratório.
Além da curiosidade, há também um aspecto comercial. Alguns influenciadores lançaram plataformas próprias para hospedar esses chatbots, oferecendo versões pagas com diferentes níveis de interação. O resultado é um mercado em expansão, onde a IA é vendida como ferramenta de bem-estar e reflexão pessoal. Tecnoespiritualidade.
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