Um parente do crocodilo descoberto na Argentina foi predador até dos dinossauros

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Um estudo publicado na última quarta-feira (27) na revista PLOS One revelou um crocodilo terrestre gigante que viveu na Patagônia, no fim do período Cretáceo, e que chegou a rivalizar com dinossauros predadores. O animal recebeu o nome Kostensuchus, pertencia ao grupo dos peirosaurídeos e viveu cerca de 70 milhões de anos atrás, pouco antes da grande extinção que marcou o fim da era dos dinossauros.

Com até 3,5 metros de comprimento e peso estimado em mais de 250kg, ele apresentava mandíbulas largas e dentes serrilhados semelhantes a facas, ideais para rasgar carne. Essa anatomia o colocava em posição de disputar presas com grandes terópodes que habitavam a mesma região.

Os fósseis do Kostensuchus foram encontrados em 2020, na província de Santa Cruz, região conhecida por abrigar formações geológicas do fim do Cretáceo, como a Formação Chorrillo. O achado surpreendeu os paleontólogos pela qualidade da preservação, já que o crânio estava praticamente completo e articulado com parte da coluna, ombros e quadris, algo raro para o grupo dos peirosaurídeos, cujos fósseis costumam ser fragmentados.


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A análise revelou semelhanças com outros crocodilos do mesmo período, como o Colhuehuapisuchus, encontrado no centro da Patagônia, e o Miadanasuchus, de Madagascar. Todos apresentavam focinho robusto e dentes afiados, indicando hábitos uma dieta composta quase exclusivamente por carne.

Fósseis do Kostensuchus (Imagem: Novas et al, 2025/PLOS One)

O ecossistema do fim do Cretáceo

A presença do Kostensuchus ajuda a reconstituir o ecossistema da Patagônia nos últimos milhões de anos do Cretáceo. A Formação Chorrillo, onde foi descoberto, já revelou fósseis de grandes dinossauros herbívoros como o titanosauro Nullotitan glaciaris, além de predadores como Maip macrothorax. Também foram identificadas aves primitivas, tartarugas, rãs e mamíferos que coexistiam nesse ambiente frio e ventoso.

crocodilo terrestre representava um competidor direto para os dinossauros carnívoros. Conforme o estudo revela, até o final do Cretáceo, a América do Sul abrigava uma fauna diversa e marcada por disputas acirradas entre predadores. A pesquisa também demonstra que essa dinâmica (crocodilos terrestres de diferentes linhagens se tornaram regularmente grandes o suficiente para desafiar grandes dinossauros predadores em toda a América do Sul) perduraria mesmo após cada grupo ter perdido a maioria de suas espécies na extinção do Cretáceo. 

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