Uma equipe de astrônomos utilizou o Telescópio Espacial James Webb para descobrir uma nova lua de Urano. A identificação do corpo celeste, inicialmente denominado S/2025 U1, eleva para 29 o número de satélites naturais do planeta.
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Os cientistas liderados por um grupo do Southwest Research Institute (SwRI), no Colorado, estimam que a lua recém-descoberta tem apenas cerca de 10 quilômetros de diâmetro, com refletividade semelhante à de outros pequenos satélites do planeta.
Outro detalhe observado pelos pesquisadores é que a S/2025 U1 está localizada a 56 mil km do centro de Urano, considerada uma distância baixa para os parâmetros espaciais. A título de comparação, a Lua da Terra está a 384 mil km do nosso planeta.
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“A nova lua é menor e muito mais tênue do que a menor das luas internas conhecidas anteriormente, tornando provável que ainda mais complexidade seja descoberta”, ressalta em comunicado Matthew Tiscareno, cientista do Instituto SETI em Mountain View, Califórnia, e membro da equipe de pesquisa.
Invisível à sonda Voyager
Segundo os astrônomos, a nova lua de Urano é tão pequena que nem mesmo a sonda interestelar Voyager 2, que sobrevoou o planeta em 1986, conseguiu observá-la.
Para alcançar esse feito, os pesquisadores realizaram 10 exposições diferentes de Urano em 40 minutos com a Câmera de Infravermelho Próximo (NIRCam) do James Webb no dia 2 de fevereiro de 2025.
As observações também revelaram que a S/2025 U1 orbita ao lado de outros pequenos satélites localizados dentro da órbita de Miranda, Ariel, Umbriel, Oberon e Titânia — as maiores luas de Urano.
Uma curiosidade é que 27 luas de Urano têm nomes inspirados em personagens de obras de William Shakespeare e Alexander Pope — como Miranda, homenagem à filha de Próspero na peça A Tempestade, de Shakespeare. Por isso, elas são apelidadas de “luas literárias” pelos astrônomos.
O nome oficial da lua recém-descoberta precisará ser aprovado pela União Astronômica Internacional (IAU), mas a expectativa é que siga esse padrão de nomenclatura.

James Webb seguindo o legado da Voyager
A descoberta do novo satélite natural de Urano faz parte do programa General Observer do James Webb, que permite que cientistas de todo o mundo proponham investigações usando as tecnologias mais avançadas do telescópio.
Os pesquisadores ressaltam que a alta resolução e a sensibilidade infravermelha do Webb são cruciais para dar continuidade às descobertas feitas por equipamentos como os da missão Voyager 2.
“Olhando para o futuro, a descoberta desta lua ressalta como a astronomia moderna continua a se basear no legado de missões como a Voyager 2, que passou por Urano em 24 de janeiro de 1986 e deu à humanidade sua primeira visão de perto deste mundo misterioso. Agora, quase quatro décadas depois, o Telescópio Espacial James Webb está expandindo essa fronteira ainda mais”, destaca Maryame El Moutamid, cientista-chefe da Divisão de Ciência e Exploração do Sistema Solar do SwRI.
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