Já faz um tempo que os consumidores e o próprio mercado estabeleceu 16 GB de memória RAM como a base para uma experiência satisfatória em jogos e uso geral. A evolução contínua de softwares e jogos, aliada às necessidades em multitarefa dos usuários, começa a colocar este padrão sob pressão. Com isso em mente, surge a questão: em quais cenários o uso de 32 GB de RAM deixa de ser um upgrade de nicho e se torna uma necessidade?
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Não é tão fácil encontrar modelos de notebooks gamer equipados com 32 GB de fábrica. As opções que já contam com essa quantidade de RAM, geralmente, são bem caras e têm hardware (CPU e GPU) de ponta no segmento mobile. Isso, por si só, já faz esse tipo de configuração ser mais nichada. Neste artigo, vamos entender quando realmente os 32 GB de RAM valem a pena.
O limite dos 16 GB e seus gargalos
Um sistema operacional moderno como o Windows 11, somado a aplicações essenciais em segundo plano (comunicação, streaming de música, abas de navegador), consome em média 9 GB de RAM. Em um notebook gamer com 16 GB, isso deixa uma margem teórica de 7 GB para a aplicação principal, que nesse caso são os jogos.
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O problema acontece mesmo quando jogos AAA recentes, como Starfield ou Hogwarts Legacy (entre vários outros), exigem por si só mais de 12 GB de RAM em picos de uso. Com 16 GB, o sistema operacional é forçado a gerenciar a memória de forma mais agressiva, utilizando o arquivo de paginação no SSD, um recurso que transforma o drive de armazenamento em uma extensão da memória e é consideravelmente mais lento que o acesso direto à RAM. Na prática, isso se traduz em travamentos (stutters) e quedas bruscas na taxa de quadro, comprometendo a fluidez da experiência.
Existem ainda dois agravantes quando envolvem chips gráficos. O primeiro deles é em relação aos gráficos integrados, que usam parte da memória RAM para atuar como VRAM. Além disso, caso a memória de vídeo de uma GPU não seja o suficiente, o drive de vídeo vai recorrer à memória RAM, tornando os 16 GB, provavelmente, insuficientes em cenários em que entragaria um bom desempenho, se esse não fosse o problema.
Onde os 32 GB realmente são necessários
Analisando diferentes perfis de usuários, entendemos que a necessidade por 32 GB de memória RAM está concentrada em três áreas principais:
1. Jogos de alta demanda e “future-proofing”
Em títulos de mundo aberto, simuladores complexos (como o Microsoft Flight Simulator) e jogos com uso intensivo de texturas, 32 GB de RAM garantem que todos os assets possam ser carregados na memória, mantendo a estabilidade, principalmente, em qualquer resolução. Além disso, oferece capacidade de rodar futuros lançamentos sem gargalos de memória.
2. Criação de conteúdo simultânea
O perfil de usuário que joga e faz captura ou streaming de vídeo simultaneamente exige bastante do sistema. O software de codificação (como OBS Studio) briga pela memória RAM com o jogo. Em um sistema de 16 GB, é comum a degradação da performance em uma ou ambas as tarefas. Com 32 GB, há espaço de memória suficiente para alocar recursos dedicados a cada processo, preservando a qualidade da transmissão e a fluidez do gameplay.
3, Aplicações profissionais e modificações pesadas
Usuários que trabalham com virtualização, compilação de código ou edição de vídeo, e que também utilizam o notebook para jogar, se beneficiam muito do espaço extra. O mesmo se aplica à mods, onde jogos como Cities: Skylines, Arma 3 ou Skyrim, com dezenas de modificações, podem facilmente ultrapassar o limite de 20 GB de consumo de RAM. E nem precisa de tudo isso, já que nossos testes mostram que jogos modernos vão usar mais de 16 GB facilmente.
iGPUs e GPUs dedicadas com pouca VRAM
A relação entre RAM e VRAM (memória de vídeo) é crucial. Quando a VRAM da placa de vídeo é excedida, o sistema recorre à RAM para alocar os dados excedentes. Um sistema com 32 GB oferece um buffer consideravelmente maior e mais rápido que o SSD, o que impacta positivamente as métricas de estabilidade, como o FPS 1% low, que mede as piores quedas de desempenho.
Em notebooks com APUs (CPU + gráficos integrados), onde a iGPU não possui memória própria e utiliza a RAM do sistema, o benefício é ainda mais visível. Com 32 GB, é possível alocar 4 GB ou mais para a iGPU sem comprometer a quantidade de memória disponível para o sistema operacional e as aplicações, um equilíbrio muito mais difícil de se atingir com 16 GB.

Outro cenário em que os 32 GB são muito úteis é em sistemas com placas de vídeo equipadas com 8 GB de VRAM, quantidade comum em GPUs de notebook gamer. Não é difícil comprometer esse volume de memória de vídeo com os jogos cada vez mais pesados e, quando isso acontece, o sistema precisará recorrer à memória RAM. Com 32 GB, existe bastante margem para isso, embora o ideal seja evitar esse recurso.
O conforto e future-proofing de 32 GB
Entendemos que, com base em nossos testes e inúmeras benchmarks mundiais, 16 GB de RAM tem um limite real com uma exigência maior. A mudança para 32 GB não é uma questão de luxo, mas uma atualização funcional para um grupo específico e crescente de usuários.
Para gamers entusiastas, criadores de conteúdo e profissionais que fazem uso pesado de multitarefa, a escolha por 32 GB de RAM em um notebook gamer vai além da busca por uma quantidade maior de memória, já que existe muito benefício em desempenho e uma garantia de que a configuração durará mais tempo.
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