Ver uma pessoa doente já é o suficiente para desencadear o sistema imunológico

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Só de ver uma pessoa doente pode já ser suficiente para ativar respostas imediatas no cérebro e no sistema imunológico humano. É o que diz um estudo publicado na revista Nature Neuroscience no último dia 28. Basicamente, mesmo sem contato físico ou risco real de contágio, o organismo reage como se estivesse diante de uma ameaça iminente.

Pesquisadores da Universidade de Lausanne, na Suíça, usaram óculos de realidade virtual (VR) para expor voluntários a avatares com sintomas visíveis de infecção, como manchas e aparência febril. O objetivo era entender se o simples estímulo visual seria capaz de mobilizar o corpo para a defesa.

Quando os participantes viam um avatar doente, áreas do cérebro ligadas à detecção de ameaças (como o sistema parietal e o hipotálamo) eram ativadas rapidamente. Essa resposta não acontecia diante de avatares neutros ou apenas com expressões de medo.


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O mais curioso é que a reação era mais forte quando o avatar ainda estava distante, sugerindo que nosso cérebro se antecipa ao perigo antes que ele entre em nossa “bolha de proteção”, chamada de espaço peripessoal.

O sistema imunológico também responde

Ver uma pessoa doente já é o suficiente para desencadear o sistema imunológico (Imagem: engin akyurt/unsplash)

Além da atividade cerebral, os cientistas analisaram amostras de sangue coletadas logo após as sessões em realidade virtual. Eles observaram um aumento na ativação de células de defesa conhecidas como linfócitos inatos (ILCs), que normalmente só se mobilizam diante de uma infecção real.

Ou seja, a simples percepção de uma possível ameaça foi capaz de induzir mudanças semelhantes às provocadas por uma vacina contra a gripe, usada como comparação em um dos experimentos. Isso sugere que o corpo humano possui uma estratégia preventiva, preparando as defesas mesmo antes do contato direto com um patógeno.

Segundo os autores do estudo, essa reação pode ser explicada pela evolução. Em sociedades antigas, reconhecer rapidamente sinais de uma pessoa doente aumentava as chances de sobrevivência, permitindo evitar a contaminação. Esse conjunto de respostas automáticas é chamado de “sistema imunológico comportamental”, que inclui desde o nojo até a tendência ao distanciamento social diante de alguém visivelmente doente.

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