Vera C. Rubin | Astrônomos divulgam primeiras imagens da maior câmera já criada

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A equipe do Observatório Vera C. Rubin revelou ao mundo nesta segunda-feira (23) as primeiras imagens capturadas em terra pelo poderoso telescópio chileno e sua enorme câmera digital, a maior já construída para a ciência astronômica. O evento foi realizado em Washington, nos Estados Unidos, e marcou o momento mais importante na astronomia desde 2022, quando foram divulgadas as primeiras imagens do telescópio espacial James Webb. 

O anúncio começou por volta das 12h no horário de Brasília e foi transmitido ao vivo no YouTube. Além da equipe do Vera C. Rubin, o evento contou com a participação de membros da Fundação Nacional de Ciência (NSF) e do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE), que apoiaram o desenvolvimento do novo telescópio.

A divulgação das primeiras imagens dos telescópios é aguardada sempre com muita expectativa, e não foi diferente com o Rubin — tanto que, durante a manhã de segunda-feira (23), a equipe do observatório publicou alguns “spoilers” das imagens que revelavam um pouco do que estava por vir. 


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As fotos divulgadas mais cedo eram apenas fragmentos do material obtido; as versões finais são bem mais extensas, e foram exibidas na resolução completa só durante o evento. Durante o anúncio, a equipe do observatório usou o zoom para destacar pontos de interesse nas imagens, como galáxias distantes. 

O Observatório vai iniciar suas operações científicas somente em alguns meses, e a publicação das primeiras fotos já antecipa o que este novo telescópio é capaz de fazer. Abaixo, você confere a primeira imagem revelada nesta segunda-feira (23), que mostra apenas 2% do tamanho real dos registros obtidos.

As capturas foram feitas pela câmera LSST, que tem resolução de impressionantes 3.200 megapixels. Harriet Kung, diretora interina do Departamento de Energia dos Estados Unidos, comentou a construção da câmera durante o anúncio: 

“O Vera C. Rubin foi um projeto de construção longa, que exigiu a participação de muitas partes. O DOE teve o orgulho de liderar a construção da câmera LSST, a maior câmera já construída para a astronomia“, disse Kung.

O dispositivo vai ser um aliado poderoso para transformar em realidade o ambicioso levantamento Legacy Survey of Space and Time (LSST), que vai exigir a observação do hemisfério sul por 10 anos. A cada noite, vão ser produzidos 10 terabytes de dados, que prometem construir um verdadeiro timelapse do universo em definição.

A grande câmera que equipa o observatório (Farrin Abbott / SLAC)

Cada imagem vai ser tão grande que seriam necessárias 400 televisões 4K para exibi-las. Tudo isso vai ser feito em ritmo de 10 a 100 vezes mais rápido do que aquele dos telescópios atuais. 

A expectativa é que os dados obtidos ajudem os cientistas a capturarem os mistérios da matéria escura e energia escura, monitorando também asteroides, de explosões supernova, o movimento de galáxias e muito mais.

“A partir de hoje, nossas capacidades de entender a matéria escura, a energia escura e a defesa planetária vão aumentar mais rápido do que nunca”, disse Brian Stone, representante da direção da NSF. 

Agora, as equipes do projeto devem se dedicar a finalizar a construção do Observatório ao longo dos próximos meses. Se tudo correr bem, o esperado é que o Vera C. Rubin inicie suas operações científicas até o fim do ano. 

Quem foi Vera C. Rubin

O nome do observatório é uma homenagem a Vera Rubin, astrônoma norte-americana que conseguiu as primeiras evidências da existência da matéria escura, a misteriosa matéria que é invisível. Junto do seu colega Kent Ford, Rubin analisou o movimento de estrelas em dezenas de galáxias.

A astrônoma Vera C. Rubin (NOIRLab/NSF/AURA/CC BY 4.0)

Em seus estudos, ela notou algo estranho: os corpos celestes situados nas regiões galácticas periféricas giravam com a mesma velocidade que aqueles no nas áreas centrais, o que contrariava as leis conhecidas da física. A discrepância sugeria que havia ali alguma massa invisível, responsável por impedir a dispersão das galáxias

Atualmente, os cientistas suspeitam que a matéria escura compõe quase 80% do universo, e isso se deve ao trabalho de Rubin. Muito da natureza desta forma de matéria ainda continua um mistério, e o novo observatório pode trazer pistas importantes para sua compreensão. 

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